Há uma palavra que me acompanha: solidariedade. O grito do Senhor Padre José Luis Rodrigues, por momentos, levou-me ao museu nacional de Oslo onde apreciei a obra do pintor norueguês Edvard Munch. Chamou-lhe "O Grito". Uma obra expressionista que testemunha a angústia do ser humano. O texto que li é também um sentido GRITO perante a ausência de solidariedade. No centro está o Padre Giselo Andrade, aquele que assumiu a paternidade de uma menina, hoje, "literalmente escorraçado por uma autoridade sem tino e sem bom senso". Vive de um "mísero salário que a Diocese lhe concede todos os meses" sem nenhuma "função eclesiástica digna como exige a sua condição de sacerdote da Igreja Católica". O GRITO vai mais longe e atinge os que o abandonaram e ostracizam, colocando a "autoridade máxima à frente do "bullying clerical" contra o padre Giselo para que fosse torrando em lume brando".
Sublinha o seu texto: "(...) o padre Giselo continua descartado, porque procriou, fez ver a luz a uma criança com os olhos da cor do céu. Com isso rebentou o ódio, a vingança e a inveja clerical, que são venenos terríveis dentro das hierarquias. Pois, fez um «pecado mortal» para a hipocrisia dominante da Igreja e da sociedade em geral, que soma séculos de abusos sexuais, prepotência, abuso de poder e o reincidente farisaísmo que impõe leis e mais leis para os outros cumprirem, ostracizando multidões de fiéis que tiveram que carregar fardos pesados impostos por aqueles que nem com a ponta do dedo lhe tocavam. Mas, certo é que o padre Giselo continuará de fora, descartado, porque o «bulling clerical» continua, até ver se aguenta e desiste da feliz dignidade com que assumiu os seus actos, quiçá também um dos gestos, entre outros com certeza, dos mais corajosos destes cinco séculos da história da Igreja da Madeira... É coisa pouca para uma grande parte, mas um passo enorme que devia fazer pensar toda a comunidade católica da Madeira, se tivéssemos uma Igreja iluminada pela luz do Evangelho e com maturidade suficiente para pensar sem preconceitos."
Comungo, integralmente, das preocupações do Padre José Luis Rodrigues, do seu enorme sentido de SOLIDARIEDADE e da chamada de atenção para o interior de uma Igreja agarrada que está a preconceitos e a discursos bafientos que nada têm a ver com a Palavra. Afinal, questiono-me, que Bispo tem a Diocese do Funchal, incapaz de cumprir o amor solidário de Jesus? Que Bispo é este que apenas fala de "caridade" e de "fé" e passa ao largo dos verdadeiros problemas da sociedade? Que Bispo é este, sem estrutura mental, para ultrapassar entre outros casos, tanto a paternidade do Padre Giselo, como a vergonhosa suspensão ad divinis do Padre Martins Júnior? Que moral tem o Senhor Bispo para subir ao púlpito e pregar a bondade do Evangelho, quando tem uma prática contrária à Palavra?
É mesmo para um sonoro GRITO. Parabéns Padre José Luís pelo exemplo de frontalidade, dignidade e SOLIDARIEDADE. Senhor Bispo, leia 50 vezes o grito do Padre José Luís.
Ilustração: Google Imagens.
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