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sexta-feira, 30 de abril de 2010

ROMPER A TEIA


O "caso" TVI parece ser uma brincadeira quando comparado com o da RTP-Madeira. Mas só o futuro dirá.

A polémica em redor da RTP-Madeira é muito séria. É um assunto que a Entidade Reguladora da Comunicação Social e o Conselho de Administração da RTP, em Lisboa, têm, obrigatoriamente, que esclarecer. A transparência acima de tudo. Não está em causa saber se os recém empossados se chamam Manuel, Joaquim ou Francisco, mas o processo que conduziu ao actual quadro. Tudo o resto entra no campo da subjectividade e nesse manterei o necessário distanciamento. O importante é conhecer a lisura do processo e, neste aspecto, pelo menos da minha parte, não vou deixar que o mesmo caia no esquecimento. Há explicações a dar e se elas não forem satisfatórias ou suscitarem novas dúvidas, há motivo para a abertura de uma Comissão de Inquérito na Assembleia da República e/ou para a própria impugnação das nomeações. O "caso" TVI, alegadamente, parece ser uma brincadeira quando comparado com o da RTP-Madeira. Mas só o futuro dirá. É tempo de clarificar muita coisa e de libertar a comunicação social e os seus jornalistas das amarras e dos tentáculos do poder. Seja ele qual for, agora ou no futuro. Enquanto cidadão, no exercício de funções políticas, não quero órgãos de comunicação social subjugados, presos ao subsídio, controlados de forma descarada, pressionados ou maltratados apenas porque teimam em ser livres e independentes.
O problema da RTP-Madeira arrasta-se há alguns anos. Os indícios e os apetites de controlo são inequívocos, pelas palavras ditas, pelos testemunhos conhecidos e, sobretudo, por aquilo que entra pela casa adentro. Tem sido clara e infelizmente, uma casa com medo. E do meu ponto de vista, seja que meio for, o princípio a respeitar deverá ser sempre o da independência, do rigor e da transparência. Uma notícia ou um trabalho de investigação, por exemplo, pode agradar a uns e não a outros, o que não pode é ser tendencialmente sectário, protector, manipulador das consciências, talvez, melhor dizendo, gestor das mentes. Isso, não.
Quando, talvez por deslize (admito que não tenha havido intenção), depois de mais de quinze minutos de iniciativas do poder político, de várias inaugurações, encontros etc., o pivot diz "passamos à parte política", isto pode ter um significado (ou vários) inadmissível no campo da informação e da comunicação. Pode até significar que o que se passou para trás nada tem de político, agora, vamos espreitar, muito rapidamente, aqueles senhores do "contra". E aí mistura-se tudo, de forma descontextualizada, muitas vezes sobre assuntos que, antes, alguém do governo equacionou. Isto para não falar, por exemplo, do que é prática normal em qualquer órgão de comunicação social responsável, que é sobre um assunto que se revista de importância, à palavra do governo seguir-se a palavra do líder da oposição ou dos vários partidos representados na respectiva Assembleia. Contextualizando, melhor, se o Primeiro-Ministro aborda um assunto, de imediato aparece o Dr. Pedro Passos Coelho ou os Deputados na Assembleia da República a fazerem o contraponto. Por aqui, não existe essa cultura democrática.
Mas este aspecto é apenas uma derivação, ao correr do pensamento, relativamente à questão essencial. E essa é que me diz que a RTP-Madeira merece uma definição muito clara sobre os meandros desta "negociação". Há que esclarecer o conhecido e os pormenores eventualmente desconhecidos. Não posso aceitar sombras em processos públicos que devem primar pela transparência. Tal como, não posso aceitar a atitude vergonhosa do poder relativamente ao condicionamento do Diário de Notícias, em função do apoio de quatro milhões de Euros, por ano, ao Jornal da Madeira, para desvirtuar o mercado, colocar empregos em risco e apresentar a mensagem do poder. Não alinho e combaterei.
Ilustração: Google Imagens.

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