A Madeira vai a votos. As circunstâncias assim determinaram. Embora os contornos e a dimensão dos alegados factos, criminosos ou nada compatíveis com o exercício da política, estejam muito distantes de uma sentença em órgão próprio, a legitimação política ficou ferida de morte e daí o acto eleitoral do próximo Domingo. Do meu ponto de vista, mesmo considerando que ao presidente do governo, em exercício, legalmente, nada obste que seja candidato, mesmo no caso de, mais tarde, ser totalmente ilibado de qualquer responsabilidade corruptiva, politicamente, o bom senso devia ter determinado, por agora, o seu afastamento. Assim não entendeu, o que deixa, desde logo, segundo muitos, um rasto de intolerável apego ao poder e de defesa no quadro da imunidade.
Sou de opinião que o povo, soberano nas suas escolhas, em sua própria defesa, não deve permitir anos a perder de vista na liderança seja qual for o patamar da vivência democrática: numa Junta, Câmara, Governo, por aí fora, até numa direcção de escola ou em qualquer área do associativismo. As mudanças são sempre importantes, trazem novos compromissos, novas ideias, inovação, respeito, credibilidade e, sobretudo, não deixam criar raízes muitas vezes perniciosas. Quando defraudam as expectativas, o povo tem sempre na mão o poder do afastamento. É óbvio que nada obsta a continuidade, mas a democracia, quando bem vivenciada, só traz ao povo incalculáveis vantagens.
De resto, não existem insubstituíveis. Os que se diziam ou assim pensavam, morreram ou andam por aí e, no entanto, a vida continuou. Nada parou, nem vai parar.
Ilustração: Google Imagens
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