Adsense

sábado, 3 de novembro de 2018

ENTRE FANTOCHES E VIGARISTAS


Entre vários disparos políticos recentes contra o governo da República, destaco dois: "fantoches de Lisboa" e "vigaristas". Imagino a linguagem de caserna distante dos microfones da comunicação social! Palavras ditas por membros do governo a que se juntam tantas outras expressões, absolutamente desagradáveis, no decorrer de assembleias. Ao classificar as pessoas daquela forma, no fundo, denunciam o estado de menoridade da democracia e a ausência de princípios na educação de base no que concerne ao relacionamento com os outros. Dirão, alguns, é política! Não, não é política, é falta de educação. Porque no exercício da política, a arma, não é a da ofensa gratuita, mesmo no calor do debate, é, simplesmente, o argumento sério, honesto, frontal e determinado. Há políticos que me fazem lembrar alguns automobilistas, por estarem ao volante, sentem que têm um incomensurável poder nas mãos e, vai daí, o insulto janela fora ou pelo retrovisor. 


Os comportamentos, é óbvio, ficam com quem os pratica. Mas isto explica um outro aspecto, mais preocupante, que se prende com a ascensão de pessoas a lugares de responsabilidade ou de representação pública, sem que para eles estejam preparados. Falta-lhes maturidade, aspecto onde não basta anos de vida, cabelos brancos ou um qualquer percurso, mas capacidade para saber lidar com situações de maior complexidade. Então, isso normalmente conduz para a zona que se designa por tercialização das responsabilidades. Os outros acabam, mor das vezes, como os culpados das situações que não souberam antecipar e gerir. No seu curto campo de visão proliferam "fantasmas" por todos os lados, cujo contraponto, ao contrário do argumento consistente e convincente, é resolvido com uma intolerável arrogância. Humildade é palavra que não trazem em memória activa. E isso é muito mau, enquanto vivência democrática e, muito mau, enquanto exemplo para as novas gerações.
Falta-lhes lucidez, saber estar (na recente presença do Presidente da República na Madeira isso foi evidente), sobriedade, controlo emocional, formação técnica e política e domínio de técnicas cognitivas. Ora bem, sem qualquer olhar saudoso para o passado, eu diria que nos faltam boas referências face às quais nos possamos rever e acreditar. É pena, porque os maus exemplos andam a proliferar, já existindo "filhos" dessa grotesca mentalidade que não augura nada de bom.
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: