Perante isto, qualquer cidadão interroga-se: se ia à banca e contratualizava a compra de uma casa por 20, 30 e até 40 anos de responsabilidades mensais, de acordo com as possibilidades de cada um, como pode esta Troika exigir o equilíbrio financeiro de um País pobre em escassa meia-dúzia de anos? Tão simples e tão evidente quanto isto. Este governo Passos Coelho/Paulo Portas está ferido de morte. Não acredito que consiga reconquistar o eleitorado que os levou ao poder. E o mais interessante, convém não esquecer, é que este Primeiro-Ministro chegou ao governo depois de chumbar o PEC IV do governo de José Sócrates. E entre essas medidas e as que hoje entram, diariamente, casa adentro, não há comparação possível! Entre 2011 e 2013, os portugueses serão espoliados em 14 mil milhões de euros de carga fiscal.
Este governo Passos Coelho/Paulo Portas está ferido de morte. Não acredito que consiga reconquistar o eleitorado que os levou ao poder. As manifestações de ontem constituíram um sinal claro da total desconfiança na atitude governativa. E não é, apenas, a Taxa Social Única (TSU - agrava em 64%, repito, 64% a contribuição dos trabalhadores, ao mesmo tempo que o governo desagrava as contribuições das empresas) que está em causa. Essa decisão funcionou como o pingo que fez transbordar um copo cheio de angústias e de desconfortos. Há muitas decisões assumidas ao longo deste ano de governo que colocaram a maioria do povo em sobressalto e total desespero. O rol do substancial agravamento do custo de vida é extenso, muito extenso, desde o IVA em geral e, particularmente, para a hotelaria e restauração, ao descarado roubo dos subsídios de férias e de Natal, passando pelas contribuições extraordinárias, mais o preço da energia, transportes, limitação de direitos na saúde e educação, subsídios às famílias, o que aí promete vir no próximo Orçamento de Estado, a espoliação dos pensionistas, tudo o que resulta das novas regras impostas por um desadequado código do trabalho, enfim, as manifestações de ontem são, por isso, o resultado de um somatório muito lato de agravamentos sem noção do equilíbrio e do verdadeiro estado social da população. Não é, apenas pela TSU!
E os sinais de revolta foram dados aos poucos, com a entrega da casa ao banco, o regresso dos jovens (e não só) casais à casa dos pais e avós, o crescimento do desemprego, o aumento da pobreza destruindo os equilíbrios de uma faixa da população considerada da média social, a aflição dos pequenos e médios empresários, a diminuição do consumo e, por extensão, das receitas do Estado, o crescimento da economia paralela (já vai em 25,4% do PIB), a progressiva emigração, os sinais, repito, eram evidentes mas nem por isso o governo arrepiou caminho, antes continuou a sua obstinada saga de ser fraca com os poderosos e muito forte com os fracos. Ontem, o caldinho entornou-se. E perante isto, vê-se muitas personalidades do CDS ao PSD a saltarem do barco, outros, hipocritamente, a querem estar, mas não estando, através de um discurso ambíguo como se fosse possível esquecer estes penosos meses de overdose de austeridade e de completa submissão aos poderes de uma Troika cega e apostada em sacar o máximo em tão curto tempo. Nicolau Santos, no último Expresso, sublinha: "Troika e Passos estão a fazer de Portugal um laboratório de experiências. Somos 10 milhões de ratinhos (...)". E o mais interessante, convém não esquecer, é que este Primeiro-Ministro chegou ao governo depois de chumbar o PEC IV do governo de José Sócrates. E entre essas medidas e as que hoje entram, diariamente, casa adentro, não há comparação possível! Entre 2011 e 2013, os portugueses serão espoliados em 14 mil milhões de euros através da carga fiscal. E foram os portugueses os culpados da crise internacional? Foi a maioria do povo português que viveu acima das suas possibilidades? Terão sido os portugueses os grandes especuladores que contribuíram para o desastre e para esta economia de guerra?
E perante isto e muito mais, qualquer cidadão interroga-se: se ia à banca e contratualizava a compra de uma casa por 20, 30 e até 40 anos de responsabilidades mensais, de acordo com as possibilidades de cada um, como pode esta Troika exigir o equilíbrio financeiro de um País em escassa meia-dúzia de anos? Tão simples e tão evidente quanto isto. Obviamente que não temos um governo com capacidade negocial, defensor de direitos, mesmo que mínimos, do povo que o elegeu. Temos um governo peça de uma engrenagem internacional formada por desprezíveis vigaristas. Por isso, não lhe dou muito tempo e sairá.
Ilustração: Arquivo próprio.
2 comentários:
Senhor Professor,
Apesar deste Garajau voar ferido pelas medidas de austeridade em curso, concorda em absoluto com o ultimo post do Blog "politica pura e dura".
Sabe, o mundo ocidental há muito tempo que prepara um HARAQUIRI em frente dos países asiáticos.
Estamos a assistir apenas ao apontar do bico da faca....
Cumprimentos.
Obrigado pelo seu comentário.
Nem mais.
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