Deixei para hoje uma breve reflexão sobre o 25 de Abril, essa data histórica, que a dita "Madeira Nova" teima em não comemorar. Percebem-se as razões, pelos posicionamentos ideológicos, pela história de muita gente para quem Abril foi a aurora de fortunas, mas cuja formação de base sempre os conduziu para os tempos da ditadura. Bom para certa gente seria ter o regime político de ontem com as benesses de hoje. Tudo controladinho! Chega a ser doentia esta forma de encarar o jogo político em democracia. Quando Abril, para todos nós, portugueses em geral e madeirenses em particular, correspondeu à liberdade e ao sonho de, entre tantos horizontes, construir a Autonomia Político-Administrativa. Trata-se, para alguns, de um jogo de amor e ódio, reles, quezilento e absolutamente negativo. Posicionaram-se em um primeiro momento, assustaram, comprometeram, paulatinamente montaram a teia, estenderam os tentáculos do polvo e conseguiram. Hoje, como em todos os ciclos de vida, nas organizações também, estão a cair em desgraça, mas não desarmam. Parecem aqueles fidalgos atolados em porcaria até ao pescoço, mas continuam a querer parecer fidalgos. É, por isso, que amarram, impedem, limitam e vociferam com discursos da treta como foi o do encerramento do congresso dos TSD-Madeira. O homem voltou a repetir o mesmo, a tocar a mesma música e a cantar cada vez mais desafinado, porque a idade não perdoa. É o "Titanic" da política regional!
O vazio! |
E assim a Assembleia fecha-se, encerra as suas portas, num dia que os representantes do Povo sabem que se não fosse aquela data histórica, ali não estariam sentados. Abril deve ser comemorado na Assembleia da República e deve ter comemoração regional, simplesmente porque a nossa Autonomia, por agora suspensa, deve-se a um movimento que tornou possível termos órgãos de governo próprio. Se, amiudadas vezes, falam da "especificidade regional", ora bem, a sessão solene então faz sentido no quadro dessa especificidade e do muito que há a fazer. Mas, não ficam por aí. O 1º de Maio, Dia do Trabalhador, cuja organização, análise e manifestação de direitos, deve pertencer aos trabalhadores e às organizações sindicais, o governo mete a mão e os pés. Organiza, conduz, abre espaço para a distracção, tenta controlar, numa lógica de, se não consigo impedir, pelo menos controlo.
Um dia, estou certo, todos estes comportamentos políticos serão julgados e corrigida a vida e a vivência democráticas.
A propósito de Abril, li, na edição de hoje do DN dois importantes artigos dos quais deixo aqui excertos. Vale a pena ler aqui e aqui.
Maria Teresa Góis:
"QUERO ABRIL DE VOLTA" - "(...) Começa a ser perigoso nascer em Portugal! Não só pela incapacidade de apoio à saúde e à educação, à assistência social, pelas condições de pobreza a que 1/3 da população está votada, mas também pelo retrocesso de décadas. Ouvimos todos os dias os ditames de um governo que nos odeia só por existirmos, por comermos, por termos filhos e netos, por sermos sadios ou doentes, um governo que ameaça, que absurdamente cerceia qualquer poeira de esperança.
Pérfidos, inventaram uma dialéctica de palavras importadas, re-adaptadas, para assim justificarem o cadeirão onde assentam o fundo das costas.
Quero Abril de volta, íntegro nos direitos então conquistados! (...)"
Roberto Ferreira:
"25 DE ABRIL, SEMPRE" - "(...) A mesma classe agarrada ao lugarzinho desde os primórdios da autonomia não se revê nos pilares de abril. E isso rege a sua ação.Em parte isso explica o amorfismo cívico de grande parte da população insular.
Enquanto aqui, no continente, ninguém se inibe de emitir uma opinião contrária às medidas impostas pelo governo, antes pelo contrário, brindam-nas com sonoros protestos, na Madeira há muitos que temem ser penalizados por pensarem diferente. Duas décadas após do momento inicial, não se protesta porque isso é demasiado arriscado numa terra onde se continua a confundir emprego com governo, estrada com governo, subsídios com governo.Há gerações educadas nesse sentido. Na perspetiva de que a autonomia regional e o PSD/M de Jardim são a mesma coisa. (...)"
Ilustração: Google Imagens.
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