É um embuste pensar que será o caos se este homem e a sua política derem lugar a outro homem/mulher e a outras políticas. Esse seria o significado da cristalização da sociedade. Uma sociedade que não muda cristaliza, submete-se, embrutece, gera rotinas do tipo, se sempre foi assim feito, por que raio havemos de fazer diferente? Apesar das imperfeições, a Democracia é, ainda assim, o regime que permite a regeneração, a criatividade e a inovação, o sonho e a proposta. Aliás, na política, é na oposição que se encontra essa capacidade inovadora de resposta às necessidades, simplesmente porque são impelidos a estudar, a compreender o significado das situações e a propor com sustentabilidade. Normalmente o poder, por razões várias, entre as quais o próprio desejo de poder, torna-se limitador e castrador de opções no sentido de respostas claras, sensatas e de respeito pelas prioridades. Por aqui muito haveria a dizer. Prefiro dar um salto a John Galbraith, a um livro editado em 1983, com o título de capa "Anatomia do Poder". Dele lembrei-me ao escrever estas linhas.
O DN-Madeira traz, na edição de hoje, um trabalho sobre as ausências do presidente do governo regional da Madeira. Consta que, em pouco mais de três meses, esteve um mês fora da loja! Desta constatação extraio pelo menos três conclusões: primeira, muito estranha, é que com tantos encontros em Bruxelas, tantas reuniões ao mais alto nível, seria de pressupor que a Madeira sairia a beneficiar a todos os níveis. Como o resultado tem sido zero, pelo menos a população não dá conta de qualquer benefício, pergunta-se, qual a cotação do presidente nesses fóruns e de que vale a sua presença? Por exemplo, com tantas visitas, a questão do Centro Internacional de Negócios da Madeira! Nada, zero. Em segundo lugar, é que mesmo estando fora, por aqui não se dá pela sua ausência. Com ele, normalmente, são ridículas as conclusões dos plenários de governo e, sem ele, como aconteceu esta semana, nem conclusões existiram. Este facto leva-me a deduzir o óbvio: é que o Dr. Jardim não governa porque não tem nada para governar. As ilhas, desgraçadamente, vão funcionando, porque a vida não pára, porque há instituições públicas e uma actividade privada que garante o funcionamento mesmo que a carvão. Em terceiro lugar, prova-se que não há insubstituíveis, que pode pode ir embora, aposentar-se, deixar o carro preto e a bandeirinha, os actos oficiais, as declarações políticas, etc., que a Região, com mais de quinhentos anos, aí continuará com novos protagonistas.
É um embuste pensar que será o caos se este homem e a sua política derem lugar a outro homem/mulher e a outras políticas. Esse seria o significado da cristalização da sociedade. Uma sociedade que não muda cristaliza, submete-se, embrutece, gera rotinas do tipo, se sempre foi assim feito, por que raio havemos de fazer diferente? Apesar das imperfeições, a Democracia é, ainda assim, o regime que permite a regeneração, a criatividade e a inovação, o sonho e a proposta. Aliás, na política, é na oposição que se encontra essa capacidade inovadora de resposta às necessidades, simplesmente porque são impelidos a estudar, a compreender o significado das situações e a propor com sustentabilidade. Normalmente o poder, por razões várias, entre as quais o próprio desejo de poder, torna-se limitador e castrador de opções no sentido de respostas claras, sensatas e de respeito pelas prioridades. Por aqui muito haveria a dizer. Prefiro dar um salto a John Galbraith, a um livro editado em 1983, com o título de capa "Anatomia do Poder". Dele lembrei-me ao escrever estas linhas.
Galbraith diz que o poder cumpre, há séculos, uma regra de três instrumentos: "o poder condigno, o poder compensatório e o poder condicionado". O primeiro, refere-se à capacidade de "impor às preferências do indivíduo ou do grupo, uma alternativa suficientemente desagradável ou dolorosa para o levar a abandonar essas suas preferências" (...) " o poder condigno obtém a submissão, infligindo ou ameaçando consequências adequadamente adversas"; o poder compensatório, em contraste, conquista a submissão oferecendo uma recompensa positiva, proporcionando algo de valor ao individuo que assim se submete" (...) na economia moderna a mais importante expressão do poder compensatório é sem dúvida a recompensa pecuniária" (...) isto é, "a submissão aos objectivos económicos ou pessoais dos outros". Finalmente, o poder condicionado "é exercido mediante a convicção e uma crença" (...) a persuasão, a educação ou o compromisso social com o que parece natural, apropriado ou correcto, leva o indivíduo a submeter-se à vontade alheia" (...) a submissão reflecte o rumo preferido" pelo que "a submissão não é reconhecida".
Ora, perante isto, digam-me lá se não se trata de um espelho do que por aqui acontece? Houve um tempo, de alguns anos, onde semeou e trabalhou aqueles três poderes e, agora, pode estar fora um terço do ano que as coisas vão funcionando como ele quer. Só que isto tem um tempo... já dizia Abraham Lincoln:
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