Não é que me cause espanto o silêncio da juventude, sobretudo a universitária, mas que é preocupante, é! Preocupante porque à irreverência própria da juventude, a História testemunha períodos em que os estudantes foram determinantes nas mudanças políticas. E antes havia a "Polícia Internacional de Defesa do Estado" (PIDE), mais tarde transformada em Direcção Geral de Segurança, embora com os mesmos desígnios, o que não impediu a coragem de enfrentar o decadente regime político de então. A prisão e a tortura estavam no horizonte de quem se mostrasse contra a corrente, mas eles batiam-se por causas. Hoje, no regime democrático, onde nada lhes impede tomar a palavra, paradoxalmente, confrontamo-nos com uma enervante apatia quando, neste tempo, embora os problemas sejam de outra dimensão, exigiriam da juventude frontais tomadas de posição. Mas não se os ouve sobre questões de política geral, sobre a condução das políticas de hoje com implicações relacionadas com o seu futuro, não se os ouve sobre o acesso e o sucesso do ensino superior, não se os ouve sobre a candente situação derivada de Bolonha, onde as universidades se auto-financiam com o vergonhoso valor das propinas, não se os ouve sobre o abandono de estudantes, sobre o desinvestimento na Educação, enfim, sobre um largo conjunto de matérias da maior importância. Parecem todos anestesiados ou conformados. A Universidade da Madeira, neste aspecto, tem um comportamento de escola secundária. E não deveria ser assim. A sociedade deveria sentir que ali havia gente preocupada com o futuro, não apenas com o seu futuro, mas com o futuro de toda a sociedade. Infelizmente, não sentimos. Por onde anda a saudável irreverência da juventude? Andará manietada por algumas juventudes partidárias?
Deixo aqui para reflexão o que foi a designada crise académica de 1969, onde o Dr. Alberto Martins (Deputado do PS e Ministro da Justiça) teve a coragem de enfrentar um poder que atirava para trás das grades quem o afrontasse. Um exemplo.
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