Não li o plano e orçamento para 2015 daí que este comentário apenas se situe no âmbito das declarações que escutei. O Dr. Bruno Pereira (PSD) falou de "orçamento empolado", de uma "repulsa em relação a este orçamento", porque não evidencia acrescido cuidado com as "zonas altas", com a "habitação social", com a "mobilidade" e até com a "energia". Lá terá as suas razões políticas. O que me espanta nestas declarações, ou talvez não, é a desfaçatez política de abrir a boca e dizer coisas por ausência de memória.
E deixo aqui algumas questões: a quem se deve o desordenamento territorial das zonas altas do Funchal: a esta Vereação que preside ao município, há um ano, ou a quem lá esteve desde 1976, ininterruptamente? A quem se fica a dever as questões relacionadas com a falta de rigoroso planeamento que tornou as zonas altas em um caos urbanístico? E a quem devem ser assacadas responsabilidades por nunca ter assumido uma posição estrutural relativamente a tudo o que se relaciona com a mobilidade, quer no coração da cidade, quer no eixo longitudinal (acessibilidade aos concelhos limítrofes) quer nos pendulares? Quem é que, durante mais de trinta anos, foi negligente ao ignorar os necessários estudos de mobilidade? Quem é que acabou com os "park & ride"? E quem é que, na habitação social, deixou os bairros se degradarem? E quem é que, no tempo em que havia disponibilidade financeira, não conseguiu implementar o número de fogos que estavam aprovados? Mas há mais: quem é que deixou uma dívida de noventa e tal milhões de euros, que tem de ser urgentemente paga, uma vez que estão em causa empresas e, por extensão, pagamento de salários aos trabalhadores? E quem é que criou um organigrama da autarquia, complexo, desajustado e oneroso que leva a Câmara a ter, hoje, uma substancial despesa com os seus recursos humanos?
Repito, não li o Orçamento da Câmara, mas quando se apontam insuficiências nesta e naquela área de intervenção, necessário se torna um exercício de memória. Se existem heranças "pesadas" a da Câmara do Funchal é uma delas. Melhor teria sido que ao invés da crítica cerrada e do chumbo ao orçamento, o Dr. Bruno Pereira tivesse sido propositivo. Segundo escutei, o CDS/PP propôs, a maioria aceitou e viabilizou o orçamento. Porque a política é a arte do possível!
Ilustração: Google Imagens.
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