Sobre o sistema de avaliação escolar o secretário Regional da Educação que presidiu à sessão de abertura das Jornadas Pedagógicas da Escola B+S Gonçalves Zarco, assumiu que, embora considere o tema em discussão pertinente e legítimo, o governante é apologista de que a "ausência de avaliação é um caminho que não nos leva a lado algum". Na opinião deste governante, segundo o JM, é preciso "desmitificar esta carga negativa que o conceito de avaliação supõe e transmite", sendo que deve ser encarada como "momento de avanço e de criação e não como um momento de amputação". Isto é, é "legítima" a sua discussão, mas, alto aí, cuidado com as "modernices", digo eu!
Ora, eu não sei o que mais disse o governante, mas a avaliar pela síntese do jornalista, pressuponho que não sejam frases retiradas do contexto. Até porque elas exprimem um pensamento político que não deixa margem para dúvidas. O quero dizer é que este secretário não trouxe nada de novo naquela sessão. Nem sobre a avaliação do lado dos alunos, nem sobre a avaliação no quadro do desempenho docente. Deveria ter falado de um novo conceito de Escola e de aprendizagem, encaixando aí um novo paradigma de avaliação. O que é isso de um "momento de avanço e de criação e não de um momento de amputação"? Fiquei na mesma. Palavras. Só palavras. Os testes e os exames são momentos de criação, pergunto? Responder, exactamente, ao que se encontra no manual será criação ou amputação? E na perspectiva do desempenho docente será classificação e punição ou FORMAÇÃO?
Pela enésima vez, e isto no quadro da avaliação dos alunos, jamais me cansarei de repetir o que a investigadora da Universidade de Sandford, Deborah Stipek, após um estudo durante 35 anos, resumiu: "(...) o sistema de exames produz especialistas em provas enquanto prejudicam vidas que poderiam ser promissoras". E quem o afirma é a revista Science que tem por título "Educação não é uma corrida". Escutemos a pesquisadora: "O sistema actual baseado no desempenho em testes, pode prejudicar muito a formação de grandes pensadores. Esta forma de ensino promove um verdadeiro extermínio de grandes mentes. A maneira como a educação é organizada na actualidade faz com que potenciais vencedores do Prémio Nobel sejam perdidos mesmo antes da educação básica, já que o modelo de ensino massacra qualquer outro interesse que não seja o cobrado nos exames. É importante desenvolver talentos. Isso sim tem um papel importante no futuro de alguém". "(...) A maioria dos grandes pensadores que deixaram um legado para a humanidade seguiram caminhos muito diferentes do convencionalmente estabelecido".
Depois de 35 anos de estudo, o que a investigadora assume será uma modernice? A que se refere o secretário com a história da "carga negativa", "momento de avanço e de criação" ou de "amputação"? Mude-se o sistema educativo e no processo ensino-aprendizagem surgirão, naturalmente, outros paradigmas de aferição do trabalho realizado. No quadro dos alunos e no do desempenho docente. É óbvio.
Ilustração: Google Imagens.
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