Assumiu o Dr. Carlos Rodrigues, Deputado do PSD-M na Assembleia Legislativa: "Se há coisa que a dívida da Madeira não está é oculta" (...) "tudo o que havia para mostrar está à vista de toda a gente". É verdade. Acredita-se que, por agora, tudo se encontre mais claro e transparente. Mas, durante muitos anos houve ocultação intencional da dívida. Mais de mil milhões e milhares de facturas guardadas na gaveta sem o escrutínio das instituições. É por isso que ainda decorre o processo "Cuba Livre". E é por isso que milhares de madeirenses andam a contar cêntimos. Quem governou não está isento de crítica, não se encontra imaculado e pronto para ser colocado no altar da transparência. As mãos políticas não estão limpas. Nem as mãos nem o pensamento sobre o sofrimento que hoje recai sobre as famílias. Não estou a dizer que se encheram à custa dos dinheiros públicos, mas que foram péssimos gestores da causa pública, isso parece-me indiscutível.
AUTONOMIA de mama muito grande! |
"Se há coisa que (...) não está é oculta" (...) pois "tudo o que havia para mostrar está à vista de toda a gente" é, exactamente a pobreza das pessoas e a de centenas de empresários. Da mesma forma a dívida que é impagável e sistemas de educação e de saúde em completa falência. "Está à vista de toda a gente", como foi dito. A loucura, ou melhor, a megalomania da obra pública em detrimento da obra do ser humano toldou a cabeça política de quem tem tido a responsabilidade de governar, como se o dinheiro fosse inesgotável, como se por aí houvesse um poço de "petróleo" ou uma mina de ouro. Sabe-se que foi sempre assim e, por isso mesmo, considero absolutamente lamentável que queiram passar uma esponja sobre as responsabilidades. Tal como ainda hoje escutei o secretário das Finanças "atirar-se" ao Orçamento de Estado quando ele próprio foi um dos governantes que teve responsabilidades no processo anterior. Ele sabia, presumo, pelas funções que desempenhava, que o buraco existia e que a Madeira caminhava para uma situação insustentável. Mas nunca abriu a boca, nunca despoletou o debate, nunca apresentou a sua demissão por não concordância com as opções políticas feitas.
"Tudo o que havia para mostrar está à vista de toda a gente". Pois está. A incoerência, o quero, posso e mando, a utilização de meios públicos para a propaganda política, o afastamento de pessoas, a crítica severa a todos quantos tinham opinião diferente, a "omnipresença" em todos os sectores, áreas e domínios da actividade pública, a persistente guerra com os sucessivos governos da República, a incompetência administrativa e gestionária, enfim, está tudo clarinho como água da nascente mais pura. "Está à vista de toda a gente" que a "renovação" foi mais reciclagem e maquilhagem que de pensamento político. Continua tudo igual, os mesmos procedimentos e a mesma ausência de pensamento estratégico sobre o futuro da Região. Há muita propaganda e pouca acção concreta no sentido de um futuro com consistência.
É verdade que os cofres estão vazios e é verdade que há muito dinheiro por pagar. No mínimo, ao cidadão que acompanha o processo político, deveria ficar claro e não está, três perguntas essenciais: onde estão? Onde querem chegar? E que passos tentarão dar para lá chegar. Nada está equacionado, não é perceptível um discurso diferente, antes pelo contrário, começam a sobressair os tiques de ontem, embora "renovados". "Tudo o que havia para mostrar está à vista de toda a gente". Acabo, por concordar.
Como nota final, em 2012, cada açoriano "devia cinco vezes menos do que um madeirense". Segundo as contas de 2015, foi público, recentemente, que "(...) se no início da legislatura as receitas próprias da região correspondiam a 77% (cerca de três quartos) das despesas de funcionamento da administração regional, no final de 2015 as receitas próprias da região já asseguravam o financiamento da quase totalidade da despesa de funcionamento da administração regional, representando atualmente 98% dessa despesa". Sem qualquer Centro Internacional de Negócios. Também está à vista de toda a gente". Dá para reflectir.
Ilustração: Google Imagens.
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