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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A POLÍTICA EDUCATIVA PRECISA DE UMA BÚSSOLA


A Região da Madeira continua a apresentar altíssimas taxas de abandono escolar. A Madeira confronta-se com 23,6% quando no Continente, a taxa é de 12,9%. Pior que os madeirenses estão os açorianos. Face a estes trágicos números o secretário da Educação do Governo Regional da Madeira sublinhou: "(...) Considero que a Educação deve ser alvo de consensos alargados, no todo nacional, na sociedade e nos meios de decisão política, de modo a que se evitem sobressaltos constantes e se possam definir políticas educativas que sirvam efectivamente os jovens, isto é válido também no caso do abandono” (...) “É uma preocupação constante, que no caso do ano lectivo em curso teve expressão no apoio a projectos pedagógicos apresentados pelas escolas com a finalidade de combater o insucesso e, por consequência, o abandono” (...) “cada jovem que não cumpre com sucesso o seu percurso educativo e de formação, constitui um problema para a sociedade, que terá de lidar com o mesmo ao longo da vida desse indivíduo, e de igual modo um revés pessoal e familiar que sempre deixa marcas (...)”. Isto é, com toda a frontalidade, nada disse de importante. Qualquer pessoa, minimamente informada, teria outra acutilância discursiva. Assim, a Madeira afundar-se-á cada vez mais.


Sou totalmente contra a partidarização da Educação. A Educação é um desígnio nacional e, no caso específico da Região Autónoma, deve constituir um desígnio regional de prioridade primeira. Portanto, alto aí, a minha posição não é partidária, antes de processo que conduza a esse combate absolutamente determinante na construção do futuro. A situação hoje vivida é a consequência de gravíssimos erros de política educativa e de política social. As duas correm a par, aliás, como tantas vezes tenho fundamentado. Falar em consensos, em projectos pedagógicos, em um qualquer "instituto para a qualificação" é, claramente, um blá, blá que não adianta nem atrasa. É paleio inconsequente. As causas estão bem definidas e o que se espera de um governo é que actue nas causas e que fuja de andar atrás do prejuízo acumulado ao longo de quarenta anos! Mais, ainda, é fácil e até demagógico enaltecer que "(...) precisamos do esforço e competência de todos para erradicar o problema", quando não é, minimamente, sensível da parte do governo um qualquer projecto sério nesse sentido. A culpa não é dos professores, não é das direcções executivas, não é, em síntese, da comunidade educativa, mas de quem tem o dever de definir as políticas. A questão da Educação, tal como outros sistemas, tem uma natureza política e é essa definição política que urge. Ninguém sabe, nem o secretário regional, o que se pretende que seja esta sociedade daqui por dez, quinze anos, muito menos a escola que a serve. Se não existe um objectivo claro, parece-me óbvio que a escola continuará a funcionar por impulsos momentâneos. O planeamento elabora-se da frente para trás. Nunca ao contrário, isto é, indiscriminadamente, de agora para o futuro. Determinada a situação "ideal" que se deseja atingir, criam-se, então, do futuro para o presente, repito, os pontos (passos) determinantes na consecução desses objectivos. 
Um em cada quatro jovens madeirenses, entre os 18 e os 24 anos, abandonou, em 2015, a sua formação. Portanto, basta de paleio e mãos à grande obra da Educação. E quando não se sabe, das duas, uma: ou pergunta-se ou deixamos os lugares a outros com outra visão.
Ilustração: Google Imagens.

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