Ultimamente, a Madeira, tal como está a acontecer por todo o lado, tem sido palco de provas de longa distância. A "moda" do trail pegou e a superação individual parece não conhecer limites. Nada tenho contra esse tipo de desafio individual, apenas muitas reservas. Não vou aqui comentar ou expressar o que penso sobre este tipo de provas no quadro da prática do desporto, bem cultural, mesmo considerando distâncias (percursos) adequadas às idades, à preparação atempada e aos ritmos diferenciados de participação, mas quero deixar uma preocupação, sobretudo aos madeirenses, praticantes e organizadores: cuidado, muito cuidado, não apenas com a preparação, mas com o acompanhamento médico. Os "aparentemente saudáveis" e sem "factores de risco" podem não o ser e lá vem o dia que qualquer circunstância inesperada se torna fatal. Oxalá nunca aconteça. E em defesa de todos não basta, aos participantes, assinar um "documento de responsabilidade" por qualquer situação inesperada.
Constou-me que alguns madeirenses vão participar no ultra trail do Mont Blanc. Conheço Chamonix, o Mont Blanc e toda a zona envolvente. De Chamonix subi até aos três mil e setecentos metros através do teleférico. Absolutamente, deslumbrante. Só que uma coisa é ver toda a envolvência enquanto turista, outra é participar. Leiam isto, por favor:
"A sigla UTMB é das que mais faz sonhar o corredor de trail amador. Só o nome da prova que representa, em si mesmo, já impõe respeito: Ultra Trail du Mont Blanc. Do ponto de vista técnico, o UTMB é uma prova de carácter competitivo, com um percurso circular de 168 Kms a partir de Chamonix (França) e que passa por três países à volta da montanha mais alta da Europa ocidental, tendo cerca de 9.800 m de acumulado positivo. A prova tem um tempo limite de 46 horas, mais do dobro do tempo tipicamente realizado pelo primeiro (20 horas e alguns minutos) e quem chegar a meio do pelotão demorará cerca de 41 horas" (ler aqui).
Para lá se dirigem milhares que experimentam esse desafio. E quando ouvi a notícia, logo a minha pergunta, que há muito faço, sublinho, mesmo no quadro das provas locais, que acompanhamento médico têm todos aqueles que se submetem a esforços de uma intensidade que de forma alguma pode ser considerada moderada? Estarão todos os aspectos salvaguardados? De alguns contactos fiquei com o sentimento que não, que existe muita aventura e ausência de cuidados que são basilares para quem se predispõe, porque gosta, a este tipo de actividade. Não estou a dizer que é nula a preocupação por parte de todos, mas que o provável rigor de uns não corresponde ao da generalidade. Repito: cuidado, muito cuidado, porque tudo decorre com normalidade até um dia!
Sei do que falo por formação académica. Que ninguém brinque com a vida.
Ilustração: Arquivo pessoal (primeira foto) e Google Imagens (segunda foto).
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