O fermento da DEMOCRACIA é a participação. Ou participamos ou os processos morrem! Quando se participa, obviamente, discute-se, debatendo. É a luta entre contrários que mobiliza o pensamento e a definição de percursos para um objectivo. Foi isto que Abril trouxe: a liberdade de exteriorizar, de pensar diferente, de inovar e de criar os pressupostos do desenvolvimento. Uma participação sem debate equivale a um jogo sem bola e balizas. Cada um fica no seu campo, mesmo que o árbitro, de nome pomposo COC, tenha dado início à contenda. Portanto, não debater a coisa pública talvez signifique, igualmente, negar todos os espaços onde ele acontece, desde a Assembleia Legislativa até à mais recôndita Assembleia de Freguesia.
É ininteligível por uma outra razão que me preocupa. Os partidos políticos constituem instituições da sociedade. Nascem e vivem por necessidades organizacionais de administração e gestão da sociedade. Daí que não devam ser núcleos fechados, impenetráveis e sem qualquer vínculo à sociedade. Cada vez mais devem ser estruturas abertas e disciplinadas em redor dos seus princípios orientadores. E porque representam a diversidade do pensamento dos cidadãos, logo, a estes interessa-lhes conhecer as pessoas e os projectos que entendem por necessários. Sem esse cordão umbilical alimentador de expectativas, a eficácia das instituições perde ou tende a não fazerem sentido.
Portanto, um partido político é muito mais do que a soma dos seus militantes. Se, por um lado, por estatuto, compete aos seus membros eleger os respectivos órgãos, por outro, o que pensam e querem para a sociedade ultrapassa, largamente, o âmbito interno. Ao que vêm e os seus projectos deve ser do conhecimento de todos, porque todos são, tarde ou cedo, eleitores. A DEMOCRACIA implica esta abertura e transparência sobre as três grandes perguntas: onde estamos, onde querermos chegar e que passos pretendemos dar para lá chegar. Fintar este processo não me parece sensato. Meter-se na toca é inexplicável à luz do cidadão atento. Ora, situados neste nível de exigência, o debate não pode ser de "roupa suja" ou de mesa de café, mas de conhecimento sobre o que preocupa a sociedade e o seu futuro. Desenhá-lo e explicá-lo à frente de todos no concernente à Economia, às Finanças, à Educação, à Saúde, aos Assuntos Sociais, ao Ambiente, à Agricultura e Pescas, por aí fora, constitui, assim, uma condição primeira para que os eleitores percebam e, eventualmente, adiram. As campanhas eleitorais começam por aí, o resto são quinze dias de "folclore"!
Ilustração: Google Imagens.
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