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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O NAVIO POLÍTICO DA GOVERNAÇÃO ESTÁ A METER ÁGUA, MUITA ÁGUA E A ASSEMBLEIA NÃO É UMA ESCOLINHA...


A Senhora secretária do Ambiente e Recursos Naturais, Drª Susana Prada, munida de uma garrafa de vidro, presumo, cheia de água, foi à Assembleia Legislativa entregá-la ao presidente do primeiro órgão de governo próprio. Motivo: simbolicamente, sensibilizar os deputados a não beberem água adquirida em garrafas de plástico. Resposta do presidente da Assembleia: "Não se vai fazer discriminação aqui dentro. O que vai acontecer agora é que há a opção dos senhores deputados consumirem também água da torneira (...) a água que melhor entenderem”. Pois, sempre foi assim, logo uma visita em vão!


Parece-me que a equipa responsável pela política ambiental e dos recursos naturais tem pouco a fazer. O mesmo direi do presidente da Assembleia. A ideia que fiquei foi a de um número político para a comunicação social. 
Justificava-se, desde há muito, e justifica-se, sim, uma grande e CONTINUADA acção de consciencialização e promoção da nossa água (o Dr. Raimundo Quintal fartou-se de falar disso), que há muito deveria ter sido iniciada, relativamente ao grau de pureza provada em contínuas análises laboratoriais, quando comparada com águas engarrafadas (um logro); justificava-se, desde há muito, e justifica-se dar a conhecer, por conseguinte, que a água fornecida à população, é segura e mais controlada que as engarrafadas, clarificando, em simultâneo, as consequências negativas da água e do plástico quando expostos ao calor e ou variações de temperatura; mais, ainda, justifica-se, desde há muito, a sensibilização para a gravidade ambiental do plástico, os custos de reciclagem e até no que concerne ao preço para o consumidor. Esperava, desde há muito, e espero que trilhem de forma consistente o caminho da sensibilização. 
Ora, eu que deste sector apenas domino o básico que qualquer cidadão deve conhecer, portanto, com todas as limitações técnicas e científicas da minha parte, fico pasmado que aquelas, entre outras, sejam preocupações (óbvias) com um atraso de dezenas de anos. Se, porventura, a secretária fizesse, no quadro de uma estruturada preocupação de longo prazo, um périplo pelas grandes empresas nacionais que engarrafam e ou distribuem água, sensibilizando-as para o vidro em detrimento do plástico, no mínimo, julgo que se trataria de uma acção meritória merecedora de aplauso, embora, por um lado, tal deva competir ao Ministério do Ambiente, por outro, quando se sabe que a complexidade dos interesses económicos em jogo (indústria milionária) muito dificilmente venha substituir o plástico pelo vidro. E como resolver outras situações, a de todos os outros líquidos ou não, fornecidos em recipientes de plástico, desde refrigerantes, a óleos passando pelos detergentes? 
Daqui, concluo, que no quadro da Autonomia política e administrativa, a ida à Assembleia, não para apresentar LEGISLAÇÃO regional, limitadora da utilização do plástico, mas apenas para entregar uma garrafa de vidro solicitando que os senhores deputados não bebam água proveniente de garrafas de plástico, mesmo considerando o simbolismo da iniciativa, acaba por ser pobre, politicamente, muito pobre. E a prova está na declaração do presidente da Assembleia: "não se vai fazer discriminação aqui dentro". E pertencem ao mesmo partido político!
Ilustração: Google Imagens.

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