É evidente que não se pode tomar a parte pelo todo, mas o que se está a passar causa preocupação e até descrença e revolta. O fenómeno da corrupção existe, é verdade, um pouco por todo o Mundo. Nesta leva, aqui por perto, um Juiz, um Desembargador, um Procurador do Ministério Público, Advogados, banqueiros, secretários de Estado sob indícios de utilização abusiva de cartões de crédito, um Reitor de uma universidade privada por desvio de três milhões de euros, funcionários, roubo e falsificação de cheques na Segurança Social, políticos, entre outros, do topo da hierarquia, grandes empresários, dirigentes de clubes desportivos, eu sei lá, gente que deveria ser referência para a sociedade, afinal, alegadamente, pelo vil metal, corrompem ou deixam corromper-se. A Justiça o dirá. Se disser. A quem estamos entregues! É que não se trata de assuntos de somenos importância, antes denunciam redes de interesses diversos, muitos milhões em jogo, em um claro salve-se quem puder. E o que é mais relevante e preocupante é que nem os representantes da Justiça estão fora desta apetência pelo dinheiro fácil, embora, até sentença transitada em julgado, todos sejam considerados "inocentes".
Alguns dirão que sempre foi assim, que estranho seria que entre homens e mulheres a corrupção não existisse. Ávidos pelo bem-estar rápido, resultado do dinheirinho arrecadado de forma ilícita, por debaixo da mesa, corruptos e corruptores não olham a meios para atingir os seus fins. Mesmo sabendo que, hoje, pelo jornalismo de investigação e pela denúncia, fácil se torna serem descobertos.
A vergonha pública que é um Procurador sentar-se à frente de um seu colega para explicar as manobras eventualmente criminosas; a vergonha de um Juiz Desembargador assistir a inspectores da Polícia Judiciária procederem a buscas na sua própria casa, acompanhados de um colega juiz que, talvez, trate por tu. Portanto, só por aqui, como acreditar nas instituições, porque as instituições são, também, as pessoas que lá desempenham funções, neste caso, nas constitucionalmente consideradas por Órgãos de Soberania? Como acreditar em certos Acórdãos, quando, sublinho, alegadamente, segundo a comunicação social, alguns são "comprados". Este é um quadro preocupante e devastador. Deixa a marca da desilusão ao vermos tais figuras a chafurdar na lama da indecência. E se isto é assim na montra o que não irá no armazém, questionará qualquer cidadão.
A porcaria anda por aí espalhada. Tudo é objecto de transação. Tudo se vende e tudo se compra. Até a consciência, a verticalidade e a honestidade. Uma vergonha que nos deveria, colectivamente, fazer levantar a voz.
Ilustração: Google Imagens.
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