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sábado, 2 de junho de 2018

AS CONSTANTES BOLAS PARA FORA DO SENHOR BISPO ANTÓNIO CARRILHO


Reflecti muito antes de escrever estas breves linhas. Simplesmente porque não quero ser mal interpretado. Decidi correr o risco, porque as considerações que farei têm a ver com a profundidade da Mensagem de Cristo. Não com o Homem Bispo. Têm a ver com a Mensagem que me foi transmitida. Apenas isso. E porquê? Pelo meu entendimento que não basta colar-se, apenas, a uma parte do discurso da extraordinária figura que é, o Papa Francisco, mas ir à totalidade do seu pensamento. É muito curto e limitado falar aos cristãos da importância em "acolher, comungar, celebrar e adorar" e que não se pode esquecer os doentes e os pobres que precisam de uma presença amiga, ou de uma palavra de conforto, os presos, os idosos, as famílias com maiores problemas, os jovens e as crianças - fonte DN-Madeira, sobre as solenidades do Corpo de Deus. Essas são palavras de circunstância, requentadas, tipo timex, porque "não adiantam nem atrasam".


A Mensagem de Cristo, traduzida no discurso do Papa Francisco, implicaria que o Bispo Carrilho falasse das causas, porque são essas que entroncam nos "(...) direitos humanos que são violados não só pelo terrorismo, a repressão, os assassinatos, mas também pela existência de extrema pobreza e estruturas económicas injustas, que originam as grandes desigualdades (...) pelo que, assume, ainda, Francisco, "é preciso servir aos frágeis ao invés de se servir deles". E sendo assim, continua, ao Cristão torna-se necessário "envolver-se na política, uma obrigação. Nós cristãos não podemos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos!". Neste contexto, a verdade é que o Senhor Bispo António Carrilho, desde sempre, lavou as mãos, exprimindo grandes dificuldades em chamar os bois pelo nome! É que a melhoria das condições sociais das famílias, em geral, e, particularmente, dos pobres, dos jovens, das crianças, dos idosos, não melhoram com palavras de conforto, com "amor e gratidão" ou com "fé e caridade", melhoram, sim, com atitudes de natureza política. 

E o Senhor Bispo sabe bem que só os politicamente partidários do poder ignoram as causas. Os não comprometidos (o Papa Francisco é um deles) tocam nas feridas. Onde sangra metem o dedo para sangrar ainda mais, mexendo nas consciências intencionalmente adormecidas. É isto que espero de um Bispo de Cristo. Que seja político, apartidário e atento!

Mais, ainda, não basta participar nos rituais de Domingo, bater no peito, e, mor das vezes, escutar a "chuva no molhado", isto é, a Palavra descontextualizada da vida. Daí que, a afirmação da Igreja de Cristo não deva, opinião que formei ao longo dos anos, ser tolerante para quem dela se serve. A Palavra deve ser clara, incisiva e nunca receosa. Se esse não for o caminho, emerge a ideia que a Igreja deve favores ao poder ou está servilmente colada ao poder. E não deve ou não deveria dever. Se a pobreza não é mais evidente e dramática, é porque existem muitas paróquias e muitas organizações assistencialistas ligadas à Igreja que esbatem as fomes que o poder político-partidário gerou.
O Padre Doutor Anselmo Borges, sobre os diálogos do Papa Francisco e de Dominique Wolton, in Politique et Société, concluiu: "Um tema que atravessa todo o livro é a política. Francisco pronuncia-se sob múltiplos ângulos. Trump "terá dito de mim que sou um homem político... Agradeci-lhe, porque Aristóteles define a pessoa humana como um animal político, e é uma honra para mim (...). Sobre esses diálogos, Anselmo Borges, salienta a posição do Papa: "A política, a grande política, é uma das formas mais elevadas de amor. Porquê? Porque está orientada para o bem comum de todos" (...) "Há sempre uma relação com a política. Porque a pastoral não pode não ser política, para indicar caminhos e valores do Evangelho."
É de um Bispo assim que a Madeira precisa. Um Bispo sem medo de provocar os instalados, que se abra aos seus párocos e que os incentive, para que os cerca de 75.000 madeirenses (30%) que vivem na pobreza, tenham direito à felicidade. É difícil? Pois é. Mas é por aí que uma Igreja não partidária, mas política, deve seguir. Andar de ombros caídos, no meio de silêncios, vendo mas não vendo, NÃO.
Ilustração: Google Imagens.

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