Designo isto por vergonha, desplante, ofensa, acto ditatorial, falência de pensamento relativamente ao futuro, atrevimento, ignorância, tudo isto me vem à cabeça quando assisto à demolição de uma ciclovia. Custa-me aceitar o desperdício dos valores investidos, que constitui dinheiro dos impostos de todos, mas ainda menos aceito é que, em tempo de novos hábitos a aprender, destruam neste caso uma ciclovia visando uma, dizem, melhor circulação automóvel. Isto caracteriza a personalidade de vista curta, persistência em convicções próprias e não colectivas, ignorância sobre todos os efeitos para as cidades e até para a saúde dos cidadãos.
Mesmo em cidades como o Funchal, orograficamente complexas, com uma pressão automóvel significativa, quer nos percursos pendulares quer nos horizontais, as ciclovias são o futuro, onde for possível construí-las. É um trabalho a prazo, pois quem tem hoje dez, quinze anos, terá vinte, vinte, cinco num lapso de dez anos. São os tais novos hábitos a aprender.
Deram cabo dos "park & ride", de um sistema de estacionamento e transporte que viria a diminuir os efeitos do automóvel no centro do Funchal e, agora, a ciclovia. Somados todos os automóveis em circulação, uns encostados aos outros, a Madeira tem o equivalente à distância entre Lisboa e Viana do Castelo. Ninguém toma consciência disto?
Tinha alguma esperança, confesso, que a ciclovia que atravessava a Ponto dos Socorridos, tarde ou cedo, pudesse vir a ligar os três percursos planos do Funchal (Pontinha - Zona Antiga da cidade / Mercado - Infante / Campo da Barca / Carreira. Mas não, a caterpílar começo a funcionar, por exagero da minha parte, só falta, agora, regressar aos estacionamentos nas placas da Avenida Arriaga ou no Chafariz.
Não abasta apregoar a defesa do ambiente. Os actos é que contam. E daí perguntar o que pensará a secretária do Ambiente sobre esta inaudita destruição? E a população?
Ilustração: Google Imagens.
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