Mais um dia e mais uns discursos de circunstância. A oposição, naturalmente, a salientar as fragilidades da governação e os partidos do poder a chutarem a bola para longe, para as "bananeiras" ou para o "contenente"! O habitual. Confesso que, embora sendo por natureza um optimista, dissipam-se-me as esperanças num novo tempo. Pelo menos nos anos mais próximos. A avaliar pelo que tem acontecido, seria pouco inteligente esperar, sequer, uma ligeiríssima aragem de mudança de orientação em vários sectores, áreas e domínios.
Portanto, para quê, pela enésima vez, dizer que a sociedade está doente? Quando cerca de metade da população representada na Assembleia assume que "o rei vai nu", porém, tudo continua, rotineiramente, numa normal anormalidade, pergunto, o que fazer? O povo é que sabe, pois há 46 anos consecutivos que aprova o caminho proposto. Ademais, quem sou eu para ditar o pensamento político mais ajustado ao esbatimento da pobreza, determinante de um futuro distante da penosidade imposta e que as diversas estatísticas demonstram? Portanto, não basta tecer considerações à juventude, fazendo-a lembrar que, em 1976, estávamos bem piores e, comparado com o tempo de Gonçalves Zarco, então aí ridícula se torna qualquer semelhança.
Agora, sinceramente, o que eu gostaria de ter escutado dos governantes, no quadro de uma Região Autónoma, com Assembleia e governo próprios, posso resumir em quatro ou cinco grandes preocupações: primeiro, como vão solucionar a estranguladora dívida da Região superior a cinco mil milhões de euros? Como pretendem resolver a dramática situação do sector da Saúde com milhares que aguardam por uma consulta ou por uma cirurgia? Qual o posicionamento político no sentido de uma paulatina mudança estrutural do sistema educativo que garanta gerações mais bem preparadas e de livre pensamento? Que actuação firme está pensada no sentido de combater situações (são muitas) que estrangulam a dinâmica económica, a livre concorrência e a protecção do rendimento das famílias? Talvez, em suma, que políticas são necessárias para tornar a sociedade menos dependente e menos assimétrica?
Pode estar tudo previsto e escrito neste ou em qualquer outro Estatuto Político-Administrativo, mas tudo dependerá dos Homens e Mulheres livres e de boa vontade. Presumo que competiria ao Presidente do Governo posicionar-se sobre aquelas e outras matérias. Porque aquela é a "Casa da Democracia". Mas ele optou por não falar. Politicamente, muito significativo.
Ilustração: Google Imagens.
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