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quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Ironias no destino (e não, não há gralha no título)


Por
André Barreto
Licenciado em Gestão de Empresas
Director Geral da Quintinha S. João

Que a memória é curta, já todos o sabemos e não vos trago aí nenhuma novidade… Que a estupidez não tem limites, acho que podemos dizer que é um dado quase científico, acompanhado muito de perto pela falta de noção. Que isto tudo junto pode dar uma mistura explosiva, sobretudo no longo-prazo, achava eu que era no mínimo senso comum, mas pelos vistos não…



Estou tão farto da conversa dos recordes no sector do turismo! Quase tanto quanto dos prémios do melhor destino insular mas esses cá não me tiram o juízo nem exigem que ande nesta aflição, repetida passados 20 anos sensivelmente.

Então não havíamos de estar a ter o melhor ano de sempre quando temos mais camas do que nunca, tendo-se deixado abrir hotéis e AL’s em 2019 sem sequer terem de cumprir a Lei, os Planos e respectivos Ordenamentos, que foram todos moldados à medida das vontades do freguês?

Abertas as comportas, depois de 2 anos fechados em casa, qual seria o comportamento esperado, depois do Sr. Putin ter resolvido a questão da pandemia? Mal seria se os resultados fossem outros e a memória não pode falhar tanto! Não posso, portanto, esquecer-me de dar os parabéns aos responsáveis pela actual situação e pelo cada vez mais frequente manifesto de desagrado por parte dos clientes pela forma como hoje se passam férias na Madeira…

Leio no entretanto que a Escola Hoteleira passa para a esfera do Governo, que nos assegura que a partir de agora teremos critérios de gestão claros e altamente eficientes, como sempre acontece nos organismos e empresas públicas, ficando o problema da falta de mão-de-obra qualificada resolvido... Estúpido seria ter discutido isto antes de deixarmos abrir hotéis a eito mas certamente que a questão não será tão grande quanto a mim, pobre diabo, parece.

Já experienciei, no passado e agora ainda contido à realidade do Porto Santo, como se vai resolver isto, para além do que acima referi, claro: - contratamos lá fora, barato e indiferenciado, que o que interessa não é assegurar mais nada que não seja um par de mãos para segurar num aspirador, numa bandeja ou em dois pratos, que para mais também não sabem.


A arte de bem receber, lembram-se? Isso é conversa de velho tonto, conservador, agarrado a fórmulas que já não se usam! Ainda para mais, podemos sempre imitar alguns dos nossos colegas que pagam aos seus clientes para não terem de limpar os quartos todos os dias. Em hotéis de 4 estrelas. Práticas que só se encontram nos melhores destinos, claro, por falar em falta de noção…

Num cenário macro onde, no mesmo caldeirão, juntamos ingredientes como uma inflação galopante, o Brexit, uma guerra que parece não ter fim à vista, um Sr. Biden na Casa Branca e pessoas a quem se paga para não produzir, não acham mesmo que o senso comum ditaria outro tipo de actuação?

Por agora por aqui me fico, não só porque se me acabaram os caracteres como porque tenho de ir tentar arranjar pessoas que queiram vir para cá trabalhar.

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