Por
Carlos Matos Gomes,
in Facebook, 13/08/2024
A Estátua de Sal
A Terceira Via tinha apenas um objetivo: chegar ao governo, que corresponde ao ir ao pote na frase de Passos Coelho na entrevista à RTP de 17 de Fevereiro de 2011, quando desencadeou a crise da recusa à última hora do PEC IV, que o levaria ao governo.
Ir ao pote. O meu reino por um pote. Blair e Passos Coelho são políticos guiados pela mesma luz: ir ao pote. Tony Blair, o rosto da terceira via do socialismo, levou o Partido Trabalhista do Reino Unido ao governo e venceu mais duas eleições com a promessa de continuar a política da liberal Thatcher.
A Terceira Via tinha apenas um objetivo: chegar ao governo, que corresponde ao ir ao pote na frase de Passos Coelho na entrevista à RTP de 17 de Fevereiro de 2011, quando desencadeou a crise da recusa à última hora do PEC IV, que o levaria ao governo.
Tony Blair escreveu há dias um dramático artigo no jornal The Guardian, a espojar-se em público, pedindo aos militantes do Labour para não votarem no velho militante da ala esquerda, Jeremy Corbyn, que, ó céus, tem a ousadia de se afirmar defensor do socialismo! O t’arrenego de Blair é nojento, próprio de um verme, mas elucidativo: ” Se Jeremy Corbyn for líder, não será uma derrota como a de 1983 ou de 2015 nas próximas eleições. Isso significará uma enorme derrota, possivelmente a aniquilação. (…) A eleição para a liderança do partido transformou-se em algo muito mais importante do que a escolha do próximo líder. A decisão agora é sobre se o ‘Labour’ continua a ser um partido de Governo”.
Como se vê, para Blair, o caixeiro-viajante de Bush na guerra do Iraque, a questão não é de um partido, neste caso o Partido Trabalhista que ele pôs a “render” em proveito próprio, ter uma proposta política, uma visão do presente e um projeto para o futuro da sociedade, mas sim do grupo dirigente ir ao pote, de ter a possibilidade de continuar a ir ao pote, de ser governo para uns tantos se governarem.
É, em versão local, exatamente o programa de Passos Coelho e do seu grupo do PAF: fazemos tudo, vendemos tudo, prometemos tudo, não temos princípios, mas deixem-nos continuar com a mão no pote, a ser governo por mais quatro anos. É o grau zero da política, mas também da moral, da ética e, para os seus defensores, o grau zero do carácter.
É sobre esta forma de fazer política, de ter um Blair caseiro, que tratam as próximas eleições.
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