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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Fogos e os novos "lápis azul"

 

Caro presidente Dr. Filipe Gonçalves e toda a direcção da delegação na Madeira do Sindicato dos Jornalistas: parabéns. Parabéns pela coragem na denúncia de um "clima de pressões e restrições" no acompanhamento dos fogos florestais. Pressões que "atingem, também, os responsáveis pelos órgãos de comunicação social, que são pressionados a desmentir notícias que depois se confirmam serem verdadeiras".



Dir-se-á que sempre foi assim, que outros denunciaram e foram visados, só que chegou o momento de dizer basta. Gostaria eu ser formiguinha para ter a noção da realidade, das pressões e também ameaças, umas vezes produzidas de forma subtil, outras, descaradamente, sempre no quadro de um "lápis azul" dos tempos modernos.

Contornam a liberdade com traços engenhosos, quase sem deixar rasto, emergindo como santos de um processo prenhe de enganos. Julgam que todos estão à venda e que controlando-os conseguem sobreviver no pântano da política.

Está entranhado no modo de exercer a política. A muitos corre-lhes nas veias esse sentido de domínio, de perversão da democracia, por interesses pessoais e de grupo, atacando na causa, para que ninguém tome conhecimento da realidade. O lamaçal tem de ser escondido ou disfarçado aos olhos dos eleitores. Faz parte da engrenagem da "máfia boazinha". Neste caso, o que é patente ao comum dos cidadãos é o crónico desastre na floresta, mas aos olhos de uns quantos estamos perante um caso de absoluto "sucesso". Isto é, por um lado, evitam que os jornalistas descrevam a realidade, por outro, de megafone na mão, falam da excelência do trabalho feito. Esquecem-se que os jornalistas não são "pés de microfone"! 

Estou certo que não conheço "da missa nem a metade", melhor dizendo, o que por aí, intencionalmente, se esconde. Mas, porque nada é eterno, tenho a sensação que, um dia, na abertura dos armários ou dos "arquivos mortos" cairão, em catadupa, centenas de dossiês escondidos ou ignorados pela tal subtileza dos discursos ao longo de 48 anos. Trata-se de uma mera convicção minha a avaliar pelo "clima de pressões e restrições" agora claramente denunciados.

Pegando da expressão popular, quando se fala da noite de 31 de Dezembro e a propósito de algo que nos desencanta, noutros espaços políticos, estou certo que este governo não chegaria "a ver o fogo"! Porque dói ver tanta devastação e ter consciência das dezenas de anos para uma total recuperação.

Ilustração: Google Imagens.

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