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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Abutres e treinadores de bancada

 

De uma assentada o Senhor Presidente do Governo da Madeira despachou-nos para as Selvagens. Políticos e população foram embrulhados em "papel grosseiro" e aqui vai disto: minhas senhoras e meus senhores, mesmo os que me elegeram, calem-se porque são incultos, rudes e intratáveis. Melhor dizendo, nas suas palavras, uns são "abutres políticos" e, outros, "treinadores de bancada". Não percebem nada de fogos, muito menos de incêndios florestais. Já passei por muitos, dirá, o que poderia significar conhecimento através da experiência vivida. Pois, há quem diga que tem 20 anos de experiência (ou 20 incêndios), porém, na verdade, têm uma experiência repetida 20 vezes. O problema reside aí, quando a experiência não actualizada permite a continuidade dos erros!



Não me vou arvorar em "treinador de bancada", mas leio muitos desabafos, técnicos e científicos, que nada abonam em favor da defesa da nossa "casa comum". Ainda ontem escutei uma notável entrevista ao madeirense Engº Doutor João Baptista (RTP-Madeira), ele que é apenas um ilustre da ciência, não um "abutre" ou "treinador de bancada", onde deixou a nu as crónicas vulnerabilidades da Região. Escutei, também, a voz autorizada e frontal do geólogo Dr. Raimundo Quintal, que não o tenho por "abutre" ou "treinador de bancada", apenas um estudioso destas matérias. E, entre muitas outras, ainda hoje, li uma declaração de Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, que fala de um presidente "com o seu lado errático e cabotino" (...) Este senhor é um "monstrinho" a pensar e a agir. Os madeirenses que se lixem (...)". 

Exclamo, enquanto espectador de bancada, o que são, afinal, 5 000 hectares ardidos! Coisa pouca, não é?


Ora, gritam os "treinadores de bancada" que "quem cospe para o ar..." está sujeito a apreciações, por vezes, muito negativas. É esse lado "errático", agora compreendo, que tem conduzido, ultimamente, a coros desagradáveis quando vai a um qualquer sítio. Quem faz do trabalho político uma quase profissão, devia ter sempre presente que o exercício da democracia deve descartar ofensas aos eleitores, mesmo que a sua opinião seja completamente divergente. Está, apenas, legitimado para governar, não para ofender. Mais abalizada ou não, os outros políticos eleitos (os tais abutres) e o povo em geral (os tais treinadores de bancada), têm o direito e até o dever de assumir, publicamente, o que pensam. Eles não são meras excrescências, enfim, "coisas que desequilibram a harmonia" dos governos tipo "duracel". É uma chatice confrontar-se com outras opiniões, mas é assim que a democracia funciona. Eles, os "abutres" e os "treinadores de bancada" não são enfeites nem jarrinhas encantadoras que legitimam um poder de quatro em quatro anos. Merecem respeito!

Ilustração: Google Imagens.

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