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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Os “11 de Setembro” ao longo dos tempos


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A ideia inicial de um simples revisitar, de forma simbólica, o Golpe Militar do Chile e o Atentado às Torres Gémeas, qualquer deles, um acto de terrorismo puro, surgiu de muitos investigadores defenderem que estes dois acontecimentos trouxeram ao Mundo mudanças profundas duradouras, designadamente descredibilizando o “Mundo do Poder” indiciando o seu declínio, incentivando a prazo um novo Mundo em ebulição.




A publicação deste artigo de opinião coincide em data com dois acontecimentos de primordial importância mundial, relativamente recentes: o Golpe Militar do Chile, no ano de 1973, comandado por Pinochet, pouco antes do nosso 25 de Abril, que derrubou o regime constitucional existente, no decorrer do qual morre o Presidente Salvador Allende e o Atentado às Torres Gémeas em Nova York, em 2001, com milhares de mortos.

O Golpe militar do Chile

Salvador Allende chegou à Presidência do Chile, eleito a 4 de Setembro de 1970, constituindo um governo de Unidade Popular com um programa de reformas estruturais de transformação da sociedade. Esse programa ia contra os interesses da extrema-direita, direita e democracia cristã. A CIA, aliada destas forças políticas chilenas, esteve sempre na manobra da criação de condições para o derrube de Allende que, sem maioria no Congresso, enfrentava problemas graves de funcionamento, designadamente em termos da legislação das reformas a introduzir. Em tempos de guerra fria e grande envolvimento na guerra do Vietname, a governação Allende, em desgraça desde início face aos EUA, pois, tornava-se ainda mais incómoda, na América Latina, a funcionar em contracorrente. Assim, o regime democrático de esquerda sobreviveu somente 3 anos, graças ao apoio da CIA no seu derrube. Com o golpe militar instituiu-se a Junta Militar, com Pinochet na Presidência, o cérebro que comandou o ataque ao Palácio de la Moneda.

A Junta desencadeia uma repressão sangrenta por todo o Chile. Os números oficiais de vítimas são terríveis. Cerca de 3200 entre desaparecidas e executadas e 200 a 300 mil pessoas presas e torturadas. Abule o Congresso, instala a ditadura, suprime a liberdade de imprensa e implanta um regime ultraliberal na economia. Passaram-se 19 anos até a retoma de eleições.

O Ataque às Torres Gémeas

O ataque às Torres Gémeas foi desencadeado pela Al-Qaeda, dirigida então por Osama bin Laden. Dos quatro aviões americanos, sequestrados na costa Leste, dois são lançados contra as Torres Gémeas do World Trade Center (WTC), em Nova Iorque, um danifica o Pentágono, em Washington, e o outro cai na Pensilvânia em área não habitada.

Sobre estes atentados persistem muitos buracos negros. Demorou tudo muito tempo a saber-se. Desde o apuramento do número de mortos que nunca se saberá, sendo a maior incógnita uma “aparente negligência” da CIA na antevisão dos acontecimentos porque houve indícios, pelo menos, vários investigadores e historiadores a isso se referem.

De assinalar que Bin Laden, por algum tempo, manteve excelentes relações com os EUA, recebendo inclusive armas e dinheiro. Porém, a guerra do Golfo mudou tudo, por despeito, devido ao alinhamento dos EUA. E aí começam os atentados da Al-Qaeda contra os EUA.

Estes dois acontecimentos têm leituras bem diferentes. O primeiro é um conluio do “Mundo do Poder” atacando um país democrático por não lhe prestar vassalagem. O segundo é uma “rebeldia” contra “o Mundo do Poder”, abrindo-lhe fragilidades.

Acontecimentos ao longo dos tempos

Uma pesquisa alargada aos muitos Setembros permitiu identificar factos históricos de relevo, de que se escolheram alguns, relativos a Portugal e ao Mundo. Desde logo, neste mesmo dia, 11 de Setembro, só que do ano de 1891, suicidou-se, em São Miguel, num banco de jardim, o poeta Antero de Quental.

Nos acontecimentos salientados, a escolha tem muito de pessoal. O que uma pessoa entende relevante, para uma outra pode não o ser.

Continuando:

Dia 1 de Setembro, 1911 (menos de um ano da implantação da Primeira República Portuguesa, 5 de Outubro 1910), promulga-se a Portaria a regulamentar a reforma ortográfica da Comissão, nomeada para o efeito, em Fevereiro de 1911. Assinale-se a velocidade de funcionamento, comparada aos dias de hoje. Neste mesmo dia de 1945, o Japão rende-se aos aliados, após o lançamento pelos EUA das duas bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki

Dia 3, 1759, promulgação da Carta Régia de D. José a abolir a Companhia de Jesus.

Dia 6, 1951, primeiro acordo entre Portugal e EUA sobre a Base das Lages.

Dia 7, 1822, declaração da Independência do Brasil pelo infante Dom Pedro, filho de D. João VI – grito do “Ipiranga” e a assinatura dos acordos de Lusaca, Portugal – Moçambique, 1974.

Dia 8, 1918, distribuição de senhas de racionamento de bens em Portugal, em tempo da Primeira Grande Guerra.

Dia 10, 1911, reconhecimento da República Portuguesa pelas maiores potências europeias, todas (curioso) com sistema de Monarquia: Espanha, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália e Áustria/Hungria.

Dia 12, 1297, assinatura do Tratado de Alcanizes, entre D. Dinis e Fernando IV de Castela, definindo as fronteiras entre Portugal e Castela. Portugal até agora perdeu São Félix dos Galegos em 1640 e Olivença em 1801. Neste mesmo dia 12, mas do ano 1990, deu-se a reunificação da Alemanha, com a junção da RFA e RDA.

Já os “15 de Setembro” parecem um dia “fadado” pelo nascimento de escritores: 1765, nasce em Setúbal, Barbosa de Bocage; 1789, em New Jersey, o escritor americano F. Cooper, cujo livro mais famoso é O Último dos Moicanos; 1890, em Torquay, a escritora inglesa Agatha Christie, que produziu mais de 100 livros, entre policiais, ensaios e poesia.

Dia 16, 1900, nasce O Mundo, um jornal diário da linha republicana Afonso Costa. Por curiosidade, a rua da Misericórdia durante algum tempo designou-se Mundo. No Mundo, neste mesmo dia de 1908, nasceu, em Michigan, a General Motors, aquela empresa de que se dizia: tudo o que é bom para a GM é bom para os EUA.

Dia 18, 1499, Vasco da Gama desembarca em Lisboa da viagem à India, com muita informação (e haveres) para a continuação da saga dos descobrimentos e no Porto, mas em 1865, é inaugurado o Palácio de Cristal, hoje pavilhão Rosa Mota.

Dia 21, 1761, é queimado no Rossio o padre jesuíta Gabriel Malagrida, denunciado pelo Marquês de Pombal de falso profeta e impostor. É o último auto-de-fé, com condenação à morte, efectuado em Lisboa.

Dia 23, 1822, é promulgada a primeira Constituição da República Portuguesa, um marco da época do liberalismo em Portugal apesar dos seus muitos ziguezagues.

Dia 28 de Setembro de 1974, a primeira grande derrota de Spínola. Por todo o país, barricadas contra a manifestação da Maioria Silenciosa, convocada pela direita e extrema-direita de apoio ao General Spínola, que acaba por se demitir de Presidente da República na sequência destas movimentações. Curiosamente, neste mesmo dia de Setembro de 1863, nasceu o rei D. Carlos que morre assassinado no Terreiro do Paço, em 1889, vítima de um atentado republicano.

Dia 29, 1992, realizam-se as primeiras eleições em Angola cujos resultados não são reconhecidos pela UNITA.

Dia 30, 1974, toma posse o 3º governo provisório de Portugal, presidido por Vasco Gonçalves.
Estes, alguns dos muitos acontecimentos registados no Mundo e no nosso país, nestes Setembros todos, o que pode ser feito para qualquer outro mês. Listas de acontecimentos com registos por dia, mês e ano existem de várias fontes. Os apresentados, aqui, decorrem de consulta ao Portal da História.

A ideia inicial de um simples revisitar, de forma simbólica, o Golpe Militar do Chile e o Atentado às Torres Gémeas, qualquer deles, um acto de terrorismo puro, surgiu de muitos investigadores defenderem que estes dois acontecimentos trouxeram ao Mundo mudanças profundas duradouras, designadamente descredibilizando o “Mundo do Poder” indiciando o seu declínio, incentivando a prazo um novo Mundo em ebulição.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Cortesia e civilidade

 

Há qualquer coisa de esquisito no comportamento político do presidente do governo regional da Madeira. Ele é membro, por inerência, do Conselho de Estado e lidera o governo da Madeira, portanto, não só do ponto de vista político, mas também da cordialidade e respeito que devem nortear os detentores de funções da maior importância pública, as relações institucionais devem ser pautadas pela maior reverência e deferência. Sem hipocrisias, acrescento. A propósito dos recentes incêndios, perguntar "o que é que ele (Presidente da República) vem fazer?" e ao mesmo tempo dar a resposta, que o Chefe de Estado "não tem nada para ver" na ilha, e que é "só mato queimado", parece-me que atinge um grau de muito pouca cortesia e civilidade.



O Senhor Presidente da República desloca-se a qualquer ponto do país sem ter de ouvir seja quem for, embora a polidez institucional imponha um contacto prévio, até por razões protocolares. Estas situações deixa-me preocupado, pelo efeito negativo que produz junto da população, sobretudo na mais jovem. Parece que tudo é possível, que ser educado é coisa fora de época ou de prazo e que não existem graus de responsabilidade nos patamares da organização política.

Depois, queixamo-nos do aluno que é mal educado para com o professor ou que os filhos não respeitam os pais e avós. São anos e anos de atitudes muito pouco pensadas, de ofensas públicas que começam na Assembleia dos representantes do povo e se estende pelo discurso político de circunstância. O que podemos esperar, pergunto?

Ilustração: Google Imagens