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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

NÃO GOSTEI

 
Há tantos escândalos na política como a História demonstra que, infelizmente, a Igreja, feita por homens e mulheres, está cheia de tristes e alguns repugnantes episódios. Há mãos e corpos sujos em muitos sítios, pelo que a generalização considero-a abusiva.
 
 

O Senhor Dom José Policarpo, Cardeal Patriarca, fez uma declaração que, sinceramente, não gostei. Há muitas mãos sujas na política, mas também há muita gente séria e honesta, que está no exercício da política apenas por convicções. Da mesma forma que existe, com toda a certeza, membros da Igreja Católica de exemplar comportamento, a todos os níveis, e outros que exercem a sua função de forma muito pouco transparente. Sabemos que é assim e o Senhor Dom José Policarpo reconhecerá, certamente. Há tantos escândalos na política como a História demonstra que, infelizmente, a Igreja, feita por homens e mulheres, está cheia de tristes e alguns repugnantes episódios. Há mãos e corpos sujos em muitos sítios, pelo que a generalização considero-a abusiva.
Tenho pelo Senhor Dom Policarpo uma elevada consideração, pela sua postura serena e pelas palavras muitas vezes acutilante que a todos deixa a reflectir. Mas, esta NÃO. Senti-me ofendido. Nunca fiz política envolvido em negócios com o governo, por exemplo. Nem com o governo nem com ninguém. Estive sempre em exclusividade no Parlamento. E da minha longa passagem pelo exercício da política, apenas estive oito anos no Parlamento. Não fui e não sou um carreirista. Tal como eu, muitos outros não têm negócios com o governo, não legislam de manhã para beneficiar à tarde, não estão directa ou indirectamente à mesa do orçamento regional ou nacional. Mas há quem esteja, eu sei! A generalização, repito, ofende. Equivaleria, malevolamente, eu dizer que ninguém sobe na hierarquia da Igreja de forma transparente. Seria abusivo e até reles da minha parte. Não conheço os processos e, por isso, por respeito, não me atrevo a dizê-lo. Agora, sei, por exemplo, que, por aqui, são milhões que são gastos no Jornal da Madeira e na construção de templos. Ainda há dias foram 2,8 milhões! Isto, quando há gente com fome.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro André Escórcio

É por essas e por outras razoes que eu não sou "cliente" (para mim é esse o termo) de nenhuma religião.
E se há alguém que não possa atirar a primeira pedra é precisamente a Igreja Católica. A par de obras de inegável valor, tem um passado um tanto nebuloso e parece-me que o presente não será muito promissor.

António Trancoso disse...

Ou será que a mensagem do Patriarca se dirige a uma igreja católica que,desde Constantino,sempre se colou ao Poder?
Se assim não for, estaremos em presença de um acto de enorme hipocrisia que justifica,em absoluto,a sua pertinente e justa crítica.