Há, portanto, maiores desafios para a oposição do que propriamente para o governo. Um governo que nasce com morte certa. Nasce já enfermo e ligado à máquina da sobrevivência. A oposição, neste tempo conturbado e cheio de dificuldades tem um campo de manobra extremamente aliciante. Politicamente, enquanto metáfora, pode "brincar" com o governo como um gato brinca com o morganho antes de o devorar. Só que isso exige qualidade, bom senso e ausência de disparates.

E quanto aos outros sectores, com as mesmas pessoas, com os mesmos "vícios" e a mesma forma de actuar, só posso esperar amanhã os mesmos resultados de hoje. Talvez atenuados na loucura inauguracionista porque o tempo é de pagar facturas. A partir do dia 9 vamos assistir ao dilema de um PSD em combate com a coligação em Lisboa, pressionado localmente por uma oposição que, espero, não lhe dê tréguas. Este novo-velho governo não as merece. Tampouco podemos oferecer um tempo de "estado de graça", simplesmente porque são os mesmos de sempre. O que ali existe é uma continuidade que a história do processo já demonstrou estar errada. E porque, em síntese, o quadro está definido, isto é, dificuldades em catadupa pelo agravamento das condições de vida da generalidade das pessoas, aumento das falências e do desemprego, dinheiro escasso no cofre das finanças regionais, não auguro muito futuro ao novo-velho governo. Cairá, redondinho, muito antes da legislatura terminar. Entretanto o mentor deste desastre parece que quer fugir às responsabilidades. Há para aí uns discursos no sentido da criação de um ambiente no sentido de uma generalizada aceitação que, enfim, ele poderá ir embora deixando a batata quente nas mãos, penso eu, do vice-presidente. Do meu ponto de vista, a oposição terá de estar muito atenta a esta manobra. Ele já fez isso algumas vezes, uma delas na Câmara do Funchal. Câmara que se prepara, agora, a exemplo do passado, para fazer o mesmo, através de uma continuada exposição pública de quem desejam colocar na presidência! Uma transição sem auscultação popular, ao jeito de uma monarquia. Cuidado, porque será fatal na perspectiva de coarctar a possibilidade de gerar o novo e, por conseguinte, propiciar a mudança de políticas.
Há, portanto, maiores desafios para a oposição do que propriamente para o governo. Um governo que nasce com morte certa. Nasce já enfermo e ligado à máquina da sobrevivência. A oposição, neste tempo conturbado e cheio de dificuldades tem um campo de manobra extremamente aliciante. Politicamente, enquanto metáfora, pode "brincar" com o governo como um gato brinca com o morganho antes de o devorar. Só que isso exige qualidade, bom senso, ausência de disparates e convergência no que a une.
Ilustração: Google Imagens.
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