E dou um simples mas significativo exemplo desse ministro (com letra minúscula) Miguel Relvas que assumiu: "neste momento o cenário de suspensão dos subsídios de Natal e de férias é por dois anos. Mas muitos países na UE só têm 12 vencimentos". Referia-se à Noruega, Reino Unido e Holanda. Só não referiu que os holandeses ganham em 12 meses o triplo do que nós ganhamos em 14 meses. Só não disse que na Noruega o salário médio bruto anual após divisão por 12 meses é de € 3.787,50; no Reino Unido € 2.924,90; na Holanda € 2.769,30 e que, em Portugal é de 949,80 (Fonte DN-Lisboa de 29 de Outubro de 2011, com dados do Eurostat de 2006).
A propósito da greve geral, oiço, por aí, que "o que é preciso é trabalhar". Pois, se analisarmos a frase de forma descontextualizada, é verdade, que é preciso trabalhar. Trabalhar duro, com rigor, qualidade e responsabilidade, adianto. O problema é quando os parcos direitos de quem trabalha são, de mansinho mas de forma consecutiva, atraiçoados, espezinhados, com os milhares de trabalhadores a esticarem o dinheiro para fazer face às despesas inevitáveis. O problema reside aí, quando a economia falha por culpas que não lhe podem ser atribuídas, quando a educação falha devido a políticas que não são da sua responsabilidade, quando, esmifrados até ao tutano, ainda lhe levam os subsídios de Natal e o de férias, quando o trabalhador vê ministros e secretários, deliberadamente, a mentir ou a dizer meias verdades. E dou um simples mas significativo exemplo desse ministro (com letra minúscula) Miguel Relvas que assumiu: "neste momento o cenário de suspensão dos subsídios de Natal e de férias é por dois anos. Mas muitos países na UE só têm 12 vencimentos". Referia-se à Noruega, Reino Unido e Holanda. Só não referiu que os holandeses ganham em 12 meses o triplo do que nós ganhamos em 14 meses. Só não disse que na Noruega o salário médio bruto anual após divisão por 12 meses é de € 3.787,50; no Reino Unido € 2.924,90; na Holanda € 2.769,30 e que, em Portugal é de 949,80 (Fonte DN-Lisboa de 29 de Outubro de 2011, com dados do Eurostat de 2006).
Pergunto: e a culpa será dos trabalhadores em geral, ou será de quem governa? Quem é que gerou os monumentais desequilíbrios orçamentais, a ausência de capacidade tecnológica, a fragilidade do tecido produtivo, a histórica incapacidade de exportar em quantidade e qualidade? Quem são os responsáveis pelos níveis de educação e de formação profissional? Quem permitiu à banca, em geral, assumir orientações que redundaram no endividamento que todos sentimos? Foram os trabalhadores em geral? Não foram, certamente. Daí às lutas da população o passo é muito curto.
Parafraseando um autor que há anos li, não me recordo nem o nome nem o livro, ("o homem cria, dia-a-dia a arma da sua autodestruição"), eu diria que há uma causa e essa foi a de gente egoísta que, de forma perversamente "inteligente" e paulatina, criou as "armas" da destruição dos direitos, gerando uma felicidade aparente para o povo, até ao ponto de puxar o laço e estrangulá-lo. É assim, que, hoje, cada vez há mais ricos com fortunas mal explicadas e povinho, coitado, corrido à bastonada, enquanto outros, os ministros, vêm com a cantilena que não existe outra alternativa às actuais medidas de austeridade. Ministros que estão ao serviço de quê e de quem, questiono? E de que poderes?
O curioso é que, na Madeira, com as famílias a rebentar pelas costuras, ainda ontem o povo, uma vez mais encolheu-se. Eu sei que um dia de salário para quem nada tem, é muito! Mas também sei que também predomina o medo, a coluna vergada ao jeito do bailinho pesado, que há uma notória ausência de liberdade, de conhecimento dos direitos, que não existe uma alargada capacidade para cruzar a informação sobre tudo quanto se está a passar e que o povo tem uma palavra a dizer. Ora, quem cala consente, diz a sabedoria popular. Eu diria, por isso, que começa a ser tempo de todos dizerem basta. Sacrifícios sim, distribuídos por todos e de forma equitativa, embora a culpa não seja do povo, mas que há limites para aquela mão invisível que, todos os dias, mete, descaradamente, a mão nos bolsos dos portugueses. E o Primeiro-Ministro diz que o que é preciso é trabalhar!
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Caro André Escórcio
Há uns anos,atravessávamos uma crise que obrigou o país a recorrer ao FMI.
Era,então,1º Ministro o Dr.Mário Soares. Recordo-me de sermos privados, a título de empréstimo, do Subsídio de Natal, do qual,posteriormente,fomos reembolsados.
Para este "governo laboratorial,a opção é a de esbulho, puro e simples.
Aconselho, aos que lhe ofereceram o Poder, que lhe desejem umas Boas Festas e um Feliz Ano Novo...
Obrigado pelo seu incisivo comentário. Às vezes é preciso trazer à memória de alguns a memória que lhes é curta.
Um abraço.
Enviar um comentário