Se tudo isto conduziu à perda de Autonomia, se tudo isto nos faz estar na mão dos outros, a tal reivindicação da saúde e da educação serem totalmente pagas por Lisboa, cuidado, isso constitui mais uma traição aos valores da Autonomia, à capacidade de serem os madeirenses a deliberarem sobre o que pretendem naqueles dois sistemas. Simplesmente porque quem paga, manda! Fica com a faca e o queijo na mão. E aí adeus Autonomia...
Educação e Saúde pagas por Lisboa. É este o sinal mais, embora com uma característica repetitiva, do discurso do Presidente do Governo Regional, na sessão de hoje de pseudo-debate do Programa de Governo. Um programa "genérico", como foi avançado, quando a Região precisa de uma "molécula original". O resto foi paleio e questões pessoais para encher, mas onde sobressaiu a condição de vítima de um País "culpado" pelo desastre económico e financeiro da Região. Exactamente(!) como se ele tivesse criado, na sua vida privada, uma situação conducente ao incumprimento perante os credores, e eu e todos nós fossemos os responsáveis pela sua leviandade pessoal.
Ora, o PSD teve nove mandatos consecutivos para bem governar, isto é, o povo concedeu a possibilidade de governar em maioria porque acreditou nas promessas de bem-estar. O que aconteceu está à vista de todos: muito cimento e muito asfalto, a tal "obra", mas o bem-estar geral da população não passou de uma miragem. Os indicadores são claros quanto ao problema gravíssimo e que conduzirá a muitos anos de pobreza. Dispomos de infra-estruturas, é verdade, mas o que fazer com elas, quando o dinheiro não chega para pagar as dívidas e a sua manutenção logo se verá. Endividar-se ainda mais? Criar dívida sobre a dívida existente? Bom, não creio que a saída seja essa, mas enfim, os próximos meses serão determinantes.
Se tudo isto conduziu à perda de Autonomia, se toda esta governação tresloucada nos faz estar na mão dos outros, a tal reivindicação da saúde e da educação serem totalmente pagas por Lisboa, cuidado, isso constitui mais uma traição aos valores da Autonomia, à capacidade de serem os madeirenses a deliberarem sobre o que pretendem naqueles dois sistemas. Simplesmente porque quem paga, manda! Fica com a faca e o queijo na mão. E aí adeus Autonomia, adeus direcções regionais, directores de serviço, chefes de divisão e essa montanha de técnicos destacados para funções, algumas que não se justificam, outras que podem ser realizadas de forma mais eficiente e eficaz. Se, por um lado, no quadro da Autonomia, os dois sistemas têm, obrigatoriamente, que ser revistos nos seus quadros político e organizacional, por outro, constrange-me que sejam os de fora a ditar o regime de funcionamento a todos os níveis. Não estou a ver a República a pagar e a Madeira a decidir, sobretudo quando existe um histórico despesista e megalómano.
Os dois sistemas, entre outros, terão é de encontrar formatos que correspondam a uma significativa diminuição dos encargos, e isso é possível, mas nunca devolver a Lisboa aquilo que foi conquistado com a regionalização. A Madeira terá de gastar menos no supérfluo, na "obra" de pendor inauguracionista, e investir mais onde é necessário: na saúde, na educação e no sistema empresarial gerador de emprego.
Eu sei, todos sabemos, que a "construção civil" foi uma "arma" que deu emprego durante alguns anos, mas um emprego efémero que afastou, por necessidade, muita gente da formação básica, secundária e superior, mas, hoje, essa "arma" de dois gumes está a rebentar nas mãos do governo e nas mãos daqueles que tiveram de sujeitar-se à "obra" que fez enriquecer uns quantos. Passaram ao lado, inclusive, das limitações do espaço territorial da Região e da expressão populacional. Que um dia a Região não suportaria mais "obra pública" por não ser necessária e por escassez de espaço. E deste pressuposto o governo foi avisado, foram sucessivas as chamadas de atenção e não foi por ausência de análises sustentáveis de políticos, técnicos e investigadores, apenas a loucura e a insensatez continuaram a sua marcha, na lógica de um poder absoluto e de intencional desprezo pelos demais. Que meta na cabecinha que isto não vai com a treta do costume baseada nas referências à "Madeira Velha", à "Maçonaria" e aos "ingleses", tampouco com a chantagem da "independência". Isso é treta, é paleio. E sendo assim, penso que este governo tem os meses contados. Veremos.
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Meu Caro André Escórcio
Compreendo a crítica contundente,que,eu próprio,por diversas vezes,tive oportunidade de subscrever.Tal,seria adequada se
se dirigisse a um ser,que,embora, maquiavelicamente, distorcido e mau,fosse normalmente dotado. A dúvida que,agora,me assalta é a de que se não estaremos em presença de um indivíduo gravemente doente!?...
Da repulsa e do nojo,tenho a sensação de estar a passar à misericordiosa PENA.
Será que os ABUTRES que o rodeiam não são capazes de trocar a "carniça" por um mínimo de sensibilidade,e,encaminhá-lo para a necessária cura?
Caro André Escórcio
Eu até penso que o Sr. Dr. Alberto João Jardim nem é má pessoa. Mas já devia estar internado há muito tempo.
Obrigado pelos vossos incisivos comentários.
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