"A Educação não é um problema de Economia, mas de Filosofia da Educação" - Elena Theodoropoulo. Duvido que o governo português chegue a esta síntese, fundamentalmente por questões ideológicas. Crato, por exemplo, parece mais interessado num franchising alemão para a Educação; o Pedro, o do facebook e da Laura, está cada vez mais ininteligível, contraditório e previsível; o Víctor, mesmo com os professores a lhe dizerem na cara que dispensam a retribuição que diz querer operar pelo que o país fez por ele, teima em cortar na escola pública e, quanto ao Álvaro, bom, esse deixemo-lo por aí a tentar exportar pastéis de nata.
Estou a ler e a "mastigar" as palavras de Elena Theodoropoulo, Professora na Universidade do Mar Egeu (Rodes, Grécia). Recentemente esteve no Porto para falar de Direitos Humanos e Contemporaneidade. Uma entrevista curta mas deliciosa que obriga a regressar atrás para perceber por inteiro, não só o alcance das palavras, mas também as lógicas que fundamentam a Educação nesta desgarrada União Europeia. Em alturas de crise, diz a Professora, como a que vivemos actualmente, a Filosofia poderia "abrir os espíritos e fazer as pessoas pensar de uma maneira independente. Mas isso, infelizmente, esgota-se na retórica". Uma das suas frases que retive, porque corresponde, exactamente, ao que penso é esta: "A Educação não é um problema de Economia, mas de Filosofia da Educação". Esta primorosa síntese deveria ser do conhecimento do matemático Crato, Ministro da Educação, já agora do Primeiro-Ministro Pedro, do Ministro das Finanças Gaspar e daquele senhor que dizem ser Ministro da Economia, um tal Álvaro! Deveriam ficar fechados durante dois dias, apenas para decifrarem aquela frase, em todas as suas variáveis e implicações. Não sei, pelo que têm feito, se conseguiriam chegar a uma conclusão que servisse de ponto de partida para uma mudança nos seus comportamentos políticos em função dos interesses futuros de Portugal. Mas, como ajuda, deixava-lhes um sobrescrito, para ser aberto apenas no segundo dia, com a seguinte mensagem: "A mudança deve provir do direito a pensar e da liberdade de pensar diferentemente até às próprias origens, às próprias raízes. É preciso pensar não apenas ao nível da superfície. É preciso ousar, conforme Lorca dizia, mergulhar até ao ponto mais sombrio do grito".
Depois desses dois dias sujeitava-os a uma única questão: Então, que futuro para a Educação em Portugal? A resposta, com estas ou outras palavras, teria, obrigatoriamente, de tender para esta leitura: "O que devemos esperar da Educação é que sendo capaz de alterar conceitos, os valores, os referenciais, possa representar um papel transformador, um papel inovador na sociedade. Se há uma crise de sentido, nós não podemos responder a essa crise com respostas pré-fabricadas. Nós perdemos a nossa juventude porque todas as respostas já estavam respondidas. O défice não está tanto nas respostas, mas nas questões".
Ora, duvido que chegassem a esta síntese, fundamentalmente por questões ideológicas. Crato, por exemplo, parece mais interessado num franchising alemão para a Educação; o Pedro, o do facebook e da Laura, está cada vez mais ininteligível, contraditório e previsível; o Víctor, mesmo com os professores a lhe dizerem na cara que dispensam a retribuição que diz querer operar pelo que o país fez por ele, teima em cortar na escola pública e, quanto ao Álvaro, bom, esse deixemo-lo por aí a tentar exportar pastéis de nata. O problema é que vamos pagar muito caro este amadorismo, esta impreparação para governar, sobretudo pela falta de dimensão que apresentam. Eles não sabem (e porventura não querem) que "a solução da escola do presente não está na restauração da escola do passado, nem nas mudanças cirúrgicas que, apesar de parecerem muito modernas, não entendem toda a interdependência das alterações necessárias para que uma escola se torne espaço de inclusão, de equidade, de cidadania e de solidariedade" - Professor David Rodrigues. Não sabem como fazer, quais os caminhos a percorrer, por isso, tal como sublinhou Elena Theodoropoulo, existe um défice nas questões, nas formulações, porque a resposta é sempre a mesma. Ou, então, com assume o Professor José Pacheco: "(...) é preocupante o modo como a Educação vem sendo (mal)tratada por sucessivos (des)governos. Será através da Educação que o País progredirá, é bem verdade, mas não através desta Educação." Por aqui, na Região, os mentores políticos saberão o que isto quer dizer? Regressarei a este tema.
Ilustração: Revista A Página da Educação, edição de Inverno, 2012.
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