Foram 39' sobre a pobreza junto das crianças e da fome em Portugal. Aconselho a assistirem a este espaço disponível no sítio da RTP na Internet. Chocante e de deixar as lágrimas a escorrerem cara abaixo. Como é possível? Famílias desesperadas, desde a ex-classe média, aos remediados e pobres. Uma jovem mãe que procura roupa no lixo para agasalho do filho aconchegado no carrinho de bebé, um casal desempregado que vivia relativamente bem e que hoje precisa do banco alimentar, aquela mãe que pede à filha que suporte a dor da fome porque, "amanhã, a mãe tenta arranjar comer", aquele pai que pede, desesperadamente, na escola, o apoio para uma refeição para o filho, aquela mãe que tem dizer à filha Catarina "hoje não há leite para beber (...) não temos para dar e isso custa muito", o casal que está a colocar à venda peças de algum valor para equilibrar as necessidades mais prementes, a mãe que tem uma filha institucionalizada porque não a pode alimentar, enfim, vejam, assistam e esmiúcem os porquês desta tragédia. São já vários milhões a viverem nos limites do insuportável. Gente que é espezinhada, triturada, desprezada por quem tem a responsabilidade de governar. Revolta-me ver uma série de imbecis a governar Portugal e a Madeira. Gente distante da realidade, que se está nas tintas para o sofrimento, para a dor da fome, para as famílias, para os empresários, para os desempregados, gente engravatada mas medíocre no pensamento e nos sentimentos de humanidade. Gente a quem falta experiência, cabelos brancos, notoriedade e credibilidade social.
Nos últimos dias assisti a duas entrevistas e a um trabalho de reportagem (RTP 1) que me deixaram em profunda reflexão. Não que os assuntos analisados e os testemunhos escutados não façam parte do quotidiano de qualquer pessoa que siga os acontecimentos, mas porque uma vez cruzados, esmiuçados e vistos à lupa, deixam um rasto de uma enorme preocupação. Estou a referir-me às entrevistas do Dr. Mário Soares, de Manuel Alegre e de um trabalho da jornalista Patrícia Lucas que preencheu o "Linha da Frente" de Quinta-feira à noite. Foram 39' sobre a pobreza junto das crianças e da fome em Portugal. Aconselho a assistirem a este espaço disponível no sítio da RTP na Internet. Chocante e de deixar as lágrimas a escorrerem cara abaixo. Como é possível? Famílias desesperadas, desde a ex-classe média, aos remediados e pobres. Uma jovem mãe que procura roupa no lixo para agasalho do filho aconchegado no carrinho de bebé, um casal desempregado que vivia relativamente bem e que hoje precisa do banco alimentar, aquela mãe que pede à filha que suporte a dor da fome porque, "amanhã, a mãe tenta arranjar comer", aquele pai que pede, desesperadamente, na escola, o apoio para uma refeição para o filho, aquela mãe que tem dizer à filha Catarina "hoje não há leite para beber (...) não temos para dar e isso custa muito", o casal que está a colocar à venda peças de algum valor para equilibrar as necessidades mais prementes, a mãe que tem uma filha institucionalizada porque não a pode alimentar, enfim, vejam, assistam e esmiúcem os porquês desta tragédia.
São já vários milhões a viverem no espaço do insuportável. Gente que é espezinhada, triturada, desprezada por quem tem a responsabilidade de governar. Entretanto, oiço a palavra de outros, daqueles que, pese embora as críticas que alguns fazem, são, indiscutivelmente, a voz da consciência colectiva, os que face à idade e à experiência de vida, face aos tempos de sofrimento que passaram para que Portugal se libertasse de uma ditadura feroz, têm autoridade para tocar nas feridas que sangram. Mário Soares e Manuel Alegre (e podia aqui falar de outros de outros quadrantes políticos que tenho escutado) foram, cada um ao seu jeito, muito claros relativamente aos desígnios desta direita política radical, deste movimento ideológico que se está nas tintas para o sofrimento dos concidadãos, desde que os seus interesses político-partidários, presentes e futuros, fiquem salvaguardados. Das suas declarações (aqui) resulta que estamos no limite e que tudo isto vai rebentar. Não sei se para a semana, no próximo mês, no primeiro semestre, não sei, mas que estoira, estoira. Exactamente ao contrário do que disse o banqueiro Ulrich, relativamente à austeridade, que o povo "aguenta, aguenta". Não há quem aguente tanta austeridade, tanto ROUBO diário, legalmente concretizado, tanta hipocrisia, tanta selvajaria sobre as empresas e direitos do trabalho, tantos deputados e governantes que da vida nada sabem, muito menos da condução de um país, na compaginação com as engrenagens inteligentemente montadas ao nível dos grandes directórios que a todos nos controlam. Mário Soares assumiu: "(...) nunca um Governo foi tão humilhado e odiado pela pessoas como o actual, nem no tempo de Salazar, porque esse sabia manejar as coisas de outra maneira", disse, considerando que este Executivo tem a "habilidade de pôr tudo contra eles", mesmo os "mais ricos e poderosos", "as Forças Armadas, as forças de segurança e até a igreja". "Se tivesse um pouco de bom-senso, o Governo demitia-se, mas infelizmente não tem".
É revoltante o que se está a passar, entre tantas e tantas situações, ter de ouvir um tal funcionário Selassié, do FMI, arrotar postas de pescada, ditar ordens ao nosso País face a um governo submisso, curvadinho, amedrontado e ideologicamente subserviente. Ora, o que está em causa é o pagamento da ajuda financeira e aí compete-nos organizar e definir caminhos que conduzam à liquidação da dívida. Não devem ser os outros a ditar ordens que vêm de outros que querem o mundo ao seu jeito! A troika internacional não nos emprestou dinheiro, melhor dizendo, vendeu-nos dinheiro, porque ele tem um preço e bem alto. Tarde ou cedo, estou certo, pelas convulsões internas em vários países (Portugal não será o único), estes ditadores, esta economia de casino, recuará no sentido da renegociação do preço do dinheiro e dos prazos. Inevitável. Olhemos para o medo que têm da Grécia, olhemos para os perdões e para as sucessivas renegociações. Mas esta é outra história.
O que me revolta é ver uma série de imbecis a governar Portugal e a Madeira. Gente distante da realidade, que se está nas tintas para o sofrimento, para a dor da fome, para as famílias, para os empresários, para os desempregados, gente engravatada mas medíocre no pensamento e nos sentimentos de humanidade. Gente a quem falta conhecimento, experiência, cabelos brancos, notoriedade e credibilidade social. Por aqui, olho-os com pena, pelas suas posturas arrogantes e de convencimento parolo; por lá, por ser uma legião de imbecis e de vendidos, imbecis, repito, que estão a dar cabo do País.
Vejam o "Linha da Frente". Vale a pena.
Ilustração: Google Imagens.
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