A pergunta que coloco é apenas esta: o que move um homem se querer manter no poder à beira dos 90 anos de idade, "exercer restrições ao direito de voto e apadrinhar uma lei que permite o afastamento dos observadores independentes, para além de uma severa perseguição à imprensa interna"? Salvo as devidas e significativas proporções e meios conducentes à manutenção do poder, também conhecemos, por aí, uma figura que já vai nos 70 anos de vida e em 35 dos 37 de governo absoluto do seu partido. Salvo, repito, as devidas proporções e o formato "inteligente" de manutenção do poder, eu diria, mais europeu, a questão é saber o que fazem cerca de 45.000 "eleitores fantasma" que constam dos cadernos eleitorais, mas que não votam? E por que motivo os números não são mais coincidentes com a realidade? E, se por terras africanas, a pressão sobre a imprensa interna é um facto, o que leva o político que vive à nossa beira, rasgar, na frente de todos, o DN-Madeira e proteger com cerca de quatro milhões anuais do erário público um título que o ajuda a manter esse poder? Porque, quanto ao resto, volto a repetir, com as devidas proporções, por aqui a fome também se alastra, o desemprego é assustador e a crise económica nem se fala.
O Presidente zimbabueano Robert Mugabe, de 89 anos, no poder há 32, foi declarado vencedor das eleições presidenciais, na primeira volta, com 61% dos votos, segundo os resultados oficiais divulgados. "Declaro que Robert Gabriel Mugabe do partido Zanu-Pf [União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Política] obteve mais de metade dos votos da eleição presidencial e é eleito Presidente da República do Zimbabué a partir deste dia", anunciou a presidente da comissão eleitoral, Rita Makarau. Zimbabué, país de corruptos, de fome e sida, governado através de um regime de carácter autoritário e antidemocrático. Bom, mas isso compete aos seus habitantes resolver, pelo que não é meu propósito tecer considerações a tal regime. A pergunta que coloco é apenas esta: o que move um homem querer se manter no poder à beira dos 90 anos de idade, "exercer restrições ao direito de voto e apadrinhar uma lei que permite o afastamento dos observadores independentes, para além de uma severa perseguição à imprensa interna"?
Salvo as devidas e significativas proporções e meios conducentes à manutenção do poder, também conhecemos, por aí, uma figura que já vai nos 70 anos de vida e em 35 dos 37 de governo absoluto do seu partido. Salvo, repito, as devidas proporções e o formato "inteligente" de manutenção do poder, eu diria, mais europeu, a questão é saber o que fazem cerca de 45.000 "eleitores fantasma" (ler aqui/DN) que constam dos cadernos eleitorais, mas que não votam? E por que motivo os números não são mais coincidentes com a realidade? E, se por terras africanas, a pressão sobre a imprensa interna é um facto, o que leva o político que vive à nossa beira, rasgar, na frente de todos, o DN-Madeira e proteger com cerca de quatro milhões anuais do erário público um título que o ajuda a manter esse poder? Porque, quanto ao resto, volto a repetir, com as devidas proporções, por aqui a fome também se alastra, o desemprego é assustador e a crise económica nem se fala.
Dirão, alguns, que o povo é que vota. Pois, é verdade, mas importante é perceber os meandros e as estratégias que conduzem a esse voto até agora maioritário. E, por aí, há muito que se lhe diga, obviamente. Finalmente, nesta brevíssima reflexão, o que quero deixar claro é que "O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente" (...) como sublinhou John Acton, (1834/1902). E perante esta sede de poder que alguns evidenciam, olhemos para o exemplo de Nelson Mandela, preso durante vinte e sete anos por uma regime branco e de raiz segregacionista (racista), que é libertado, ascende à presidência da África do Sul livre e, passados uns anos, afasta-se do poder abrindo espaço para outros, democraticamente, continuarem a busca por uma terra de paz entre os homens. Fiquemos a pensar nisto que, aliás, não tem novidade alguma, entre um Nobel da Paz e outros que são políticos no pior que a política pode configurar! Porque tudo tem o seu tempo e, alguns, já tiveram o seu.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Parabéns Professor Escórcio por este artigo tão pertinente (como sempre).
O SENHOR MANDELA é "O" exemplo de uma democracia onde a pluralidade e a HUMILDADE deveriam ser respeitados na íntegra. A demagogia, os ressabiados, os colarinhos (que deixaram de ser brancos e compram duplex abaixo do solo, quais faraóis endeusados..., já revelam fragilidades... Eu, na minha simplicidade, aguardo por um filme de longa metragem, com atores que já me cansam...
Obrigado pelo seu comentário.
Tal como a distinta Colega, eu também sou "um professor que vive uma inquietude nunca acabada..."
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