Recebi de um leitor (JV) o seguinte comentário, a propósito de um texto sobre "a necessidade de uma limpeza total", onde abordei a atitude do presidente do governo regional da Madeira que rasgou uma edição do DIÁRIO de Notícias da Madeira: "Há até quem ache piada a situações destas, como é o caso do sr. que o acompanha. O que é, a razoabilidade mínima na Madeira? O que é, ser tolerável na Madeira? Qual será o conceito mínimo de dignidade, na Madeira? O que é o respeito mínimo pelas instituições na Madeira? Será que os madeirenses não se sentem diminuídos, por terem um governante destes? Esta imagem vem difundida em toda a comunicação social, eu como português sinto-me envergonhado. E os madeirenses não? Que subserviência é esta? Desculpe o desabafo, mas olho para tudo isto incrédulo, com a tamanha tolerância para esta hedionda figura, que se pavoneia na maior cretinice com o beneplácito de tanta gente. Santa paciência, para não dizer outra coisa... Um abraço".
O "carnaval" está a terminar! |
Em poucas palavras JV elenca uma série de perguntas que deveriam conduzir a uma séria reflexão, não apenas por parte do povo, mas sobretudo por outras figuras com responsabilidades na hierarquia institucional, bem como outras que vão aparando todo este jogo execrável.
Tenho dificuldade em perceber a ausência de um grito de indignação. Olho para uma série de candidaturas às autárquicas e vejo, espalhados por cartazes ou por imagens que a comunicação social apresenta, gente acomodada, que oferece a cara por um partido velho, gasto e caduco, a precisar de uma prolongada cura de oposição, gente que ontem criticava e que hoje resolve entrar no rebanho, gente jovem incapaz de ver que há outras soluções, e vejo gente "graúda", com longas passagens pela política, que não se importam de passar à História como aqueles que defraudaram um povo inteiro durante quase quarenta anos, gente que não se interroga sobre a subserviência, sobre a venda aos bocados da consciência, gente que prefere o seguidismo à integridade, gente que prefere vergar-se a um homem a ter um assomo de dignidade. Pois, percebo, é lugarzinho que está em jogo, é o drama das ligações a lóbis, é a estabilidade da família à custa de tudo o resto, é a perda de alguns privilégios, é, também, aquela ridícula sensação de importância, do convite que chega e da pertença ao séquito. Coitados. Mais cedo do que pensam cairão todos sem a mínima hipótese de regeneração política.
Tenho dificuldade em perceber a ausência de um grito de indignação. Olho para uma série de candidaturas às autárquicas e vejo, espalhados por cartazes ou por imagens que a comunicação social apresenta, gente acomodada, que oferece a cara por um partido velho, gasto e caduco, a precisar de uma prolongada cura de oposição, gente que ontem criticava e que hoje resolve entrar no rebanho, gente jovem incapaz de ver que há outras soluções, e vejo gente "graúda", com longas passagens pela política, que não se importam de passar à História como aqueles que defraudaram um povo inteiro durante quase quarenta anos, gente que não se interroga sobre a subserviência, sobre a venda aos bocados da consciência, gente que prefere o seguidismo à integridade, gente que prefere vergar-se a um homem a ter um assomo de dignidade. Pois, percebo, é lugarzinho que está em jogo, é o drama das ligações a lóbis, é a estabilidade da família à custa de tudo o resto, é a perda de alguns privilégios, é, também, aquela ridícula sensação de importância, do convite que chega e da pertença ao séquito. Coitados. Mais cedo do que pensam cairão todos sem a mínima hipótese de regeneração política.
O problema é que as instituições que deveriam zelar pelo cumprimento da Constituição da República não o fazem, assobiam para o lado, há quem teça louvores à "obra", que comungue da ideia que a Madeira é um território de liberdade, de democracia, de paz social e de desenvolvimento. Esses também não se interrogam, não limpam o seu para-brisas na tentativa de ver mais longe e de descobrir as causas dos dramas económicos, financeiros, sociais e culturais. Ainda ontem, disse e bem o Dr. Paulo Cafôfo, candidato da Coligação "Mudança": "As pessoas pediram união neste contexto de crise e dificuldades económicas" (...) "A grande responsabilidade, agora, pertence às pessoas que não se podem abster de votar e de participar nesta campanha" (...) "Queremos que as pessoas se deixem de lamúrias, de queixas, dêem um passo em frente e optem pela mudança" (...) “As opções são claras, entre a continuidade, o candidato Bruno Pereira que até representa um retrocesso, e a minha pessoa, que represento uma mudança no Funchal". Concordo. Basta de lamúrias!
Ilustração: Google Imagens.
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