Recebi uma resposta formal a um meu texto que pretendi publicar num “jornal da terra”. Condição determinante para ser publicado era expurgar do texto a expressão de que Jardim “serviu o fascismo e pertence à Madeira Velha desde os tempos que em muito antecederam a Revolução de Abril de 1974”. Segundo o Diretor daquele jornal tal configuraria um ataque pessoal que ofenderia o bom nome e reputação de Alberto João Jardim.
Ele que escreveu, durante anos, na “Voz da Madeira”, órgão oficial do regime fascista, onde afirmou ser contra a democracia e o voto universal, defendeu o colonialismo, a guerra colonial e a legitimidade do regime, ele que proferiu discursos de apoio servil a Salazar, apesar de todos os seus elogios à paz fascista e da aclamação a Marcelo Caetano, ainda há quem considere ofensivo dizer que Jardim serviu o fascismo.
Por este andar, não tarda a que apareçam discursos em defesa da reputação e boa fama de Miguel Albuquerque, pois que ele nunca pertenceu ao atual regime. Dir-se-á que ele foi dirigente regional e nacional do PSD, um dos pilares da política de direita e do atual regime, da Fundação Social Democrata, colunista do “Jornal da Madeira”… Alguns tentarão dizer que, afinal, Albuquerque até nunca terá sido do regime e é publicamente conhecido como um democrata, tal como me foi agora dito sobre Jardim em relação ao fascismo.
Assim farão, para que se salvem os interesses dos senhorios do iníquo regime dominante. Assim farão, no esforço por salvar a política da direita.
Mas, nem todos aceitarão o apagamento da memória e tamanha dissimulação da verdade histórica.
Ilustração: Google Imagens.
NOTA:
Artigo de opinião publicado na edição de ontem do DN-Madeira.
2 comentários:
Esta é a altura certa de actuar. É imperioso não deixar branquear o passado. A memória é curta e há que avivá-la constantemente.As contradições têm de ser necessáriamente confrontadas na maior abrangencia pública possível.
Abraço.
JV
Obrigado pelo seu comentário. Tenho feito o possível, pois esse é o caminho, conjugando tudo o que nos une em detrimento do que desune.
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