Li na página de FB de Maria Teresa Góis que partilhou um post de Maria Filomena:
Aluno do 9.º ano EB 2/3 - Espinho: O papel da escola na formação dos cidadãos. Resposta: O papel da escola eu axo que é igual a um papel qualquer de imprensa A4. E de certeza que é. Tem a mesma grossura e tudo. Agora se estão a falar, por exemplo, das folhas de Teste que é uma folha A3 duberada ao meio fazendo duas folhas A4, axo melhor que as folhas de teste sejam assim do que só uma folha A4, essas fichas que os professores dão são sempre folhas de formato A4 ou de formato A5 . Os testes As professoras metem sempre folhas de formato A4 mas quando são mais as professoras agrafam sempre as folhas e nunca fazem teste com folhas formato A5. Por isso eu axo que as folhas desta escola são iguais às das outras escolas ou de outras empresas.
Um texto destes dá muito que pensar. Não pelo facto de trazer algo de novo. Que o digam os professores de Português, por maior que seja o seu esforço no sentido de tornar a escrita dos alunos escorreita, compreensível e devidamente articulada. É evidente que não se deve generalizar, partindo do princípio que uma larga maioria dos alunos não consegue articular os vários elementos de um texto. Não é assim. Mas que existe um significativo défice na escrita, julgo que não sobejam dúvidas. Presumo que as lacunas advenham da falta de leitura e do exercício de escrever com muita frequência.
Eu que não tenho formação académica na língua(s), pelos contactos que vou tendo com colegas e sobretudo pela experiência adquirida ao longo de muitos anos, julgo que se perde muito tempo com aspectos programáticos de somenos importância, tempo esse que deveria ser aproveitado para a leitura obrigatória e para o exercício da escrita. Humildemente, ressalvando a minha ignorância nesta área, defendo que é a partir da escrita que se chega à compreensão dos porquês gramaticais e não ao contrário. Mas esta é, apenas, uma posição que alimento. Se me perguntarem, hoje, a razão científica de um qualquer aspecto gramatical, não sei. Também, por convicção, escrevo no Português antes do famigerado Acordo Ortográfico. E julgo que estou certo.
Mas aquele texto traz à colação um outro défice: o da contextualização das palavras: o "papel" da escola e o "papel" onde se escreve. A incapacidade de contextualização penso estar também relacionada, entre outros factores a montante, com uma Escola que não desenvolve o sentido do discurso com coerência. O vocabulário é demasiado curto quando se aborda um jovem, ao qual se junta uma ausência de um conhecimento mais vasto que está muito para além do conhecimento do manual destinado a debitar no dia do teste. Falta alicerce a partir do qual se possam edificar os pilares do "conhecimento poderoso". Enfim, alguma coisa terá de mudar.
Ilustração: Google Imagens.
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