Comecei a ler a edição de Inverno da Página da Educação. A páginas tantas um texto do Professor António Magalhães despertou-me a atenção. Começa assim: "Um amigo contou-me que à saída de uma conferência, sem saber bem qual a direcção do hotel em que estava instalado, viu duas pessoas que reconheceu como estando hospedadas no mesmo sítio. Caminhavam com um passo determinado e a sua segurança parecia reflectir o conhecimento do percurso; resolveu segui-los. Acontece que se perderam e, com eles, o meu amigo - nunca sigas alguém apenas porque parece que sabe para onde vai, concluiu ele. (...)"
Trata-se de uma síntese que se encaixa em múltiplas situações. Na política, por exemplo. Andam, por aí, a falar de um "novo ciclo", paradoxalmente, com um novo-velho protagonista que aposto não saber para onde vai. E vejo muitos a seguirem-no como se ele conhecesse, neste caso, o caminho do crescimento e do desenvolvimento. Quanto enganados estão! Perder-se-ão, certamente. Ora, quando não há mudança ou alterações significativas no molde, não é possível esperar outra peça que não igual à primeira. Pergunta-se: qual a sua ideologia? Em que princípios e valores se fundam os alicerces do seu pensamento político, económico, financeiro, social e cultural? Em que escola foi formado esse pensamento e quem foram os seus mestres? Que posições conhecidas sustentaram a sua práxis política ao longo dos últimos trinta anos?
Embora muito importante, não basta urbanidade. Na condução dos destinos de um povo, interessa perceber se o personagem é apenas um estratego político, ou se traz consigo uma sustentada ideologia susceptível de produzir confiança. Do meu ponto de vista, o molde que, como se sabe, é oco, só poderá facultar a forma do anterior. O pedestal pode ser diferente, mais vistoso, mais engalanado, mas todos identificarão as políticas com a anterior escultura. Por isso, "nunca sigas alguém apenas porque parece que sabe para onde vai".
Ilustração: Google Imagens.
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