O Senhor Deputado do PSD manifestou-se desiludido com o Orçamento de Estado para 2017. Por um lado, genericamente, falou de "uma inversão de prioridades", por outro, em síntese, de dívidas da República à Madeira. Está no seu direito de opositor ao actual governo de Portugal. Correspondendo à táctica política de sempre, não sobrevalorizo. A história do confronto sem sentido de responsabilidade tem barbas e com tão maus resultados. O que para mim é espantoso é o facto de falar em "inversão de prioridades" quando aqui, durante 40 anos, em outros tantos orçamentos da Região, foi exactamente isso que aconteceu, o que nos conduziu a uma situação de dupla austeridade (tripla no Porto Santo) e, consequentemente, a uma dívida que muitos dizem ser IMPAGÁVEL. No exercício da política não vale tudo, pois exige-se, no mínimo, coerência. Aliás, em função da idade, o Senhor Deputado tendo tomado o combóio em andamento, deve estar lembrado de quantos discursos fez de apoio ao governo PSD que trouxe a Região a uma "calamidade" económica e financeira que todos estamos a pagar.
Quanto ao novo hospital, penso que por coerência, o Deputado deveria ter presente que a história vem desde 2001 (no mínimo), com promessas sucessivas, ano após ano, Orçamento após Orçamento, de Programa de Governo em Programa de Governo, até ao ponto do pai do Senhor Deputado Jaime Filipe Ramos, o ex-Deputado Jaime Ramos ter assumido (2008) que o novo hospital NÃO ERA uma necessidade urgente e básica. Pergunto, então, de quem é a culpa de tanto atraso? E que razões levaram a que, nos últimos anos (2011/2015), com um governo liderado pelo Dr. Passos Coelho tal processo não tenha sido considerado? Isto para não falar na trapalhada da expropriação de terrenos em Santa Rita, da abertura de concurso público, da informação que oito consórcios estavam interessados, do pagamento e apresentação de projectos, tudo para nada! Em 2004, recordo, o então presidente do governo disse que, se fosse eleito, gostaria de inaugurar o novo hospital até 2008. Ora, na política exige-se memória fresca e, repito, coerência.
Depois, pelo que li e ouvi, desejam a inscrição de uma verba no OE. Pergunto, para quê? De projectos nada percebo, outros estão indiscutivelmente mais bem preparados para deles falar, mas há aqui um peça que me parece faltar: querem o dinheiro para quê? Expliquem. Apresentaram alguma coisa que tivesse sido negada?
Enquanto cidadão observador, olho para esta discussão e pressinto politiquice a mais e seriedade a menos. É muito capaz do presidente do governo ter razão quando esta tarde afirmou: “(...) As coisas tecnicamente têm andado bem, politicamente não tão bem como desejávamos, mas é um processo iniciado neste momento”. "Politicamente não tão bem", porquê? Explique! Está a assumir uma parte da responsabilidade? Teve promessas em gabinete que depois não foram cumpridas? Tem o dever de explicar.
Ilustração: Google Imagens.
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