Passo os olhos por alguns blogues com enfoque na política regional. Poucas ou nenhumas são as ideias para uma melhor região. Sobressaem os ataques, alguns violentos, a partir do interior do próprio PSD. Um desses espaços divulga, de forma anónima, o que se conhece mas, sobretudo, as quezílias, a propensão para golpes palacianos, o mal-estar completamente disseminado nas hostes que lideram esta terra há 40 anos. A história da intriga conhece-se aos poucos, com nomes dissimulados, mas os conteúdos não disfarçam a luta entre grupos. Fica-me a ideia que não se governa, antes parte do dia de "trabalho" é de gestão de controlo de danos. Isto, ao mesmo tempo que se assiste a uma azáfama por aparecer, diariamente, mas com efeitos quase nulos no que realmente é importante para o futuro da Madeira. Obviamente que esta é uma constatação.
A semana política ficou também marcada, entre outras coisas menores, pelo anúncio do presidente do governo regional em "disponibilizar a custos reduzidos (€ 25,00 por dia) à população, para curtos períodos de lazer, (...) uma rede de casas de abrigo em toda a região". Trata-se, segundo o próprio, de "introduzir este conceito, porque tem a consciência de que há muitas pessoas que não têm rendimentos para usufruir de férias em hotéis". A título de curiosidade, adiantou, "(...) os sofás na casa do Lombo do Mouro eram os que estavam na sala do plenário na Quinta Vigia (Presidência do Governo da Madeira, durante o anterior executivo, liderado por Alberto João Jardim), que não eram necessários".
Esta foi a notícia. Já não tenho entusiasmo para soltar uma palavra menos agradável. Mas apetecia-me, confesso. Sinceramente, detesto que os políticos passem ao lado do que é realmente importante e prioritário, antes preferindo um certo populismo, como dizia amigo meu, tipo timex, que não adianta nem atrasa. Importante para a população, sobretudo para os mais vulneráveis, é sentirem que o Orçamento Regional os privilegia com um complemento de pensão, que têm a possibilidade de desfrutar, em igualdade de circunstâncias e sem necessidade de pedidos, de um valor anual, mínimo que seja, na comparticipação dos medicamentos. Para já nisto. Para alguma coisa deverá servir a Autonomia. Os pobres não passam férias, senhor presidente. Não sabem o que isso é. Quarenta anos depois.
Quanto à recuperação das casas de abrigo, desse património espalhado pela Região, obviamente que é um dever, mas que não necessita de números políticos mediáticos. Como aquela história do "presente de Natal antecipado no bairro do Pico dos Barcelos (recuperação do que se encontra danificado). Absolutamente dispensáveis estas historietas quando o rol das prioridades é outro bem mais vasto. Aquela dos sofás, claramente política, diz tudo! Em suma, trata-se de um subtil contra-ataque a quem lhes morde os calos.
Ora bem, o que eu quero afirmar com este texto, coisa que defendo há muito, é que o povo não deve permitir que um governo se eternize no poder. Seja aqui, na República ou nos Açores. Há um tempo certo para estar e um tempo para reganhar lucidez na oposição. Quarenta anos consecutivos sem experimentar a alternativa dá nisto: grupos, grupinhos, interesses instalados, favores, vénias, dinheiro, medos e silêncios cúmplices, corrupção, ofensas, mentiras, populismo, perseguições tolas, enfim, tudo aquilo de que o povo está cansado.
Ilustração: DN-Madeira.
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