Todos falam na necessidade de "crescimento económico". Ainda ontem o presidente do governo regional da Madeira disse: "só através do crescimento económico" é "possível erradicar a pobreza", "realizar a justiça e a equidade social", "melhorar o rendimento das famílias", estancar a emigração jovem", ter "mais e melhor emprego", "melhorar os salários e as pensões" (...) o resto "é fantasia". Repito, só "através do crescimento económico", o chavão que todos têm na ponta da língua. Curiosamente, para além daquelas palavras tornadas lengalenga que dominamos, qual cançãozinha infantil, "atirei o pau ao gato... to...to (...)", ninguém diz como operar o crescimento económico, que medidas estão a ser tomadas de forma estrutural e integrada. Falam, isso sim, em "reformas", também sem concretização, palavra que arrepia só de a ouvir, porquanto ela, mor das vezes, significa mais austeridade, limitação dos direitos sociais e despedimentos facilitados.
No caso da Madeira, para atingir aqueles objectivos e todos passarem a beneficiar de uma vida menos penosa, o presidente do governo, ao contrário da lengalenga, deveria ser claro e objectivo, enunciando as medidas concretas em todos os sectores e áreas determinantes para que o "crescimento" aconteça. Como, porquê, quando, com que meios e como pretende operacionalizar as políticas. Isto é que me parece determinante. Se assim não for, concordo, "é fantasia" discursiva. Como é que a população poderá beneficiar, tal como nos Açores, de menos 20 a 30% no IRS, IVA mais favorável, IRC compensador, combustíveis e apoios sociais idênticos aos que os açorianos dispõem por decisão do governo regional. Isso é que interessa à população e não o habitual blá, blá que cansa e que é, obviamente, inconsequente. É, como sublinhou, "banha-de-cobra".
Por outro lado, considero despropositado esta continuada tendência de empurrar para a República as decisões que, por Estatuto, competem à Madeira. Cumprir a Autonomia é muito mais do que passear vaidades, empurrar os problemas com a barriga e chutar para longe a bola dos problemas. É aqui que as questões económicas, financeiras e sociais devem ser tratadas. Que em muitos dossiês necessário se torna negociação com a República, obviamente que sim, mas é trabalhando sobre o concreto e não sobre o abstracto. Parece que ainda não aprenderam!
Ilustração: Google Imagens.
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