É óbvio que todas as obras realizadas em espaços públicos trazem naturais inconvenientes, na circulação pedonal ou no trânsito. Sempre foi assim. É evidente que as situações se tornam menos gravosas quando, de início, os responsáveis políticos denunciam preocupações de rigor no que concerne ao ordenamento dos espaços e das respectivas infraestruturas de suporte. Mais. Quando não deixam os espaços e as envolventes degradarem-se ao ponto cuja recuperação se torna mais complexa e demorada. Estas considerações são óbvias. Nada de novo, portanto.
Ora, isto a propósito das declarações do senhor secretário regional Dr. Eduardo Jesus sobre as obras em curso na Estrada Monumental, face às quais, disse, "revelam um descuido muito grande à cidade e às pessoas que ali passam" (...) porque revelam "insensatez e insensibilidade muito grande pelo momento inoportuno" (...) daí que "sejam reclamações de várias frentes (...)". Este tipo de crítica, do meu ponto de vista, não tem sentido, desde logo porque não sei, nesta cidade extremamente condicionada pela sua orografia, qual o período do ano mais oportuno? O da abertura dos estabelecimentos de educação e ensino e ao longo de todo o período escolar? No Natal? Na Páscoa?
O senhor secretário terá presente, independentemente de ser considerada necessária ou absolutamente dispensável, os constrangimentos pelas obras nas ribeiras do Funchal da responsabilidade do governo? E as anteriores na frente mar? E aquelas que, durante anos, tornaram a Madeira em um estaleiro? E a criação de espaços pedonais, antes abertos ao trânsito? E as do reperfilamento da Monumental na zona mais a oeste?
Regressando à Estrada Monumental e a toda a zona de incidência mais turística o problema tem, entre outras, uma causa estrutural: o desordenamento espacial e o seu parcial abandono durante muitos anos. Houve um governante com responsabilidades que, perante tanta crítica, disse mais ou menos isto: havia que sacrificar uma zona... foi a do Lido, ponto final. O problema está aí, no que significou o desprezo pelo planeamento e a concomitante exigência no rigor urbanístico. Isto, ao mesmo tempo que deixaram para depois os aspectos infraestruturais, os de natureza "invisível": águas, esgotos, comunicações, energia, etc.. Portanto, não faz sentido que se critique (seja lá quem for) por realizar obras necessárias, quando elas, por outro lado, são sistematicamente reclamadas. O Dr. Eduardo Jesus deveria ter presente que as obras públicas não são semelhantes às do "Querido, mudei a casa!"
Mas do Dr. Eduardo Jesus, sinceramente, o que eu gostaria de conhecer era a sua posição relativamente ao Savoy, nos seus impactos no turismo, obra inicialmente aprovada pelo Dr. Miguel Albuquerque. Ai gostaria, gostaria!
Ilustração: Google imagens.
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