Fiz uma pausa em documento que ando a ler e a "mastigar" a História e os conceitos. Desloquei-me para a piscina. Estendi a toalha e deitei-me de frente para o Sol. Uma temperatura agradável e uma ligeiríssima brisa a fazer do Sol uma carícia ao corpo. A alguns metros duas senhoras conversavam. Pela descrição o bolo deve ser uma delícia. Não decorei a receita, mas provei-o nas palavras ditas. Pela aparência das senhoras, certamente nada preocupadas com as dietas de Verão, devem ser especialistas na arte da transformação dos ingredientes. Um pouco mais ao lado, já na beira da piscina, uma mãe, de magreza a fazer inveja a outras das "passerelles", entretinha-se com três criancinhas. Aí começou o meu desconforto que nem aquela suave brisa atenuou. Joãozinho para aqui, Pedro para acolá, Francisco, cuidado, não mergulhes agora, amanhã não vêm, vão ficar de castigo, enfim, coitadinhas das crianças com aquela voz, ainda por cima, estridente. Resolvi entrar na água, porque sou muito sensível aos decibéis acima do tolerável!
Pior, ainda, uma outra jovem mãe. Chegou, com a pequena Maria, a filha, desejosa de pular para a água. Maria, aí não, olha, tens ali uma menina, brinca com ela, enquanto, agarrada ao telemóvel, com o seu dedo indicador, deu-me a sensação de andar, incessantemente, para a frente e para traz. Mamã, vem para aqui. Resposta célere: pergunta à menina se quer brincar contigo! Seguiu-se um longo telefonema e a criancinha ali. Só! Dei comigo a reflectir sobre este quadro de um fim de tarde de Verão: uma mãe de protecção absoluta, uma outra completamente desconectada com a filha e, pelo meio, uma receita de um bolo, pressuponho, delicioso, que, pela idade das personagens, bem poderia chamar-se: "bolo da avó". Talvez, apenas naquele momento, entre as duas mãezinhas, o preferissem.
Entretanto, regressei à água, passei pelo duche e fui-me embora, de volta à leitura. Ficou-me a "Corzinha de Verão", parafraseando "Os Deolinda".
Ilustração: Google Imagens.
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