Acompanho, com muita preocupação, o exercício da política regional. Quem governa, desde há muito, evidencia sinais de inconsistência, oferece a imagem de uma equipa de segundo escalão tal a fragilidade que transmite nos diversos sectores. Políticos que correm atrás dos problemas ao evidenciarem, diariamente, uma preocupação mais pela imagem e propaganda do que pela transmissão de um caminho estruturado com sentido prospectivo e de Estado. A regra básica, nota-se, claramente, é vender fumo. E isso é evidente no discurso, nas declarações de circunstâncias, feito de repetidas "bocas", frases feitas, algumas doentiamente agressivas, para consumo imediato e mediático, e não como resultado de um pensamento sobre o onde se está, onde se deseja chegar e com que meios. Chutam para longe as suas responsabilidades ou agarram-se a aspectos de menor importância, algumas vezes dependentes de aspectos burocráticos de outras instâncias, para tentar esbater as suas próprias incapacidades, em outras, perseguindo aqueles que se guiam pela sua cabeça. Em poucas palavras, não existem pensadores, líderes portadores de sonho, pessoas com sabedoria face às quais o cidadão possa confiar.
Há dias segui uma entrevista. Não consegui aguentar a baralhada e preferi deixar para o dia seguinte. Felizmente a tecnologia permite-nos regressar à visualização. Depois de 44 anos de uma música política inaudível, o mínimo que espero, eu que estou a meses dos setenta anos de vida, é que me tragam uma réstia de esperança alicerçada na diferença. Pelo futuro dos mais jovens. Mais do mesmo, parecido ou, na ausência conceptual relativamente a todos os sectores da governação, melhor é não escutar! Mais fumo, NÃO, obrigado. E apesar das questões andarem à volta do anormal, aspectos que não interessam, porque são de somenos importância, absolutamente marginais, é sempre possível, qual metáfora, a quem responde mandar a bola para o lado contrário do "guarda-redes". Estou cansado de conversa de chacha. Se uns fizeram a "renovação" para repetir o passado, outros, aproveitaram um comboio que vinha em bom andamento, provaram-no os estudos de opinião, para se sentarem, na ilusão dos benefícios de uma primeira classe. Repito, faltam-nos líderes, faltam-nos VLM (verdadeiros líderes da mudança) gente com qualidade, respeitados política e socialmente. E os que existem são derrubados e espezinhados. Uma vergonha que a História um dia escalpelizará.
Mas este não é, apenas, um problema da Madeira e do País. Tocam-nos pela proximidade, é certo. Mas, convenhamos, a crise é geral. É europeia e até mundial. Quando um Trump chega à presidência dos Estados Unidos, Erdogan na Hungria, Maduro na Venezuela, Rodrigo Duterte nas Filipinas, Kim Jong-un na Coreia do Norte, entre tantos e tantos casos em todos os continentes, quando olhamos para a triste realidade de alguns líderes das ex-colónias portuguesas, quando atravessamos um olhar atento sobre a teia de interesses políticos, económicos, financeiros e religiosos, quando vemos a corrupção invadir na ânsia da riqueza fácil, em alguns casos às escâncaras, em outras de forma mais sofisticada, quando se olha para o comportamento vergonhoso da generalidade da banca, quando se vê 80% da riqueza mundial nas mãos de 1%, sinónimo de arrepiante desigualdade, quando existe um perverso encontro anual de Bilderberg, quando existem grupos restritos de 5, de 7 e de 20 países que tudo impõem, quando milhares morrem ao fugir da guerra, da pobreza, da ausência de princípios de humanidade básica, quando se olha para o médio oriente, quando se olha para os campos de refugiados, quando se edificam muros de vergonha, quando a Organização das Nações Unidas não é respeitada, quando a União Europeia denuncia gravíssimas fragilidades, quando assistimos a palavras vãs na actuação política que resolvam os dramas sociais, quando as armas substituem a ausência de diplomacia assertiva, quando nos nossos dias assistimos à arrepiante situação de, no país edificado sob o signo do sonho e da Liberdade, sejam quais forem as razões, criminosamente, separarem os filhos dos pais, quando florescem graves movimentos populistas, quando atravessamos uma fase de absurda incógnita para milhões de jovens, quando a política está submetida aos interesses económicos, quando... quando... quando..., é de concluir que nos faltam referências que, pelo seu saber e idoneidade possam, democraticamente, colocar em sentido os oportunistas, aventureiros e vendedores de banha da cobra!
Ilustração: Google Imagens.
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