Não sei se o Papa Francisco domina o que por aqui se passa há quarenta longos anos. Se conhece ou não as colagens e subserviências ao poder político. Se é bem ou mal informado pela Nunciatura Apostólica em Portugal. Eu que tenho uma muito particular afeição por Francisco, o Papa "que veio do fim do Mundo", duvido que esteja bem informado. Duvido, não, melhor dizendo, não sei. Certo é que andam à procura de um novo Bispo para a Diocese do Funchal. Pessoalmente, preferia um Bispo novo! Um Homem sincero, humilde, frontal, feliz naquilo que faz, um Homem de cultura, um irmão em Cristo que não se venda nem se cole aos interesses dos mais poderosos. Que se distancie e que não tenha medo.
É de desconfiar quando um político declara, caso concreto do anterior Presidente do Governo Regional, Dr. Alberto João Jardim, em entrevista publicada em uma edição do Semanário ECCLESIA, dedicada à Igreja Católica na Madeira: "(...) Costumo dizer que tive muita sorte, trabalhei com três grandes bispos: D. Francisco Santana, D. Teodoro de Faria e D. António Carrilho. Foram bispos certos na altura certa". Então não foram, digo eu! É evidente que sim, pois todos eles lhe estenderam a passadeira vermelha. Chegou a ser popular a ideia que os sucessivos governos regionais tinham uma secretaria regional dos Assuntos Religiosos. Ao longo de 42 anos, o poder político dançou o bailhinho com todos eles, a troco de muitos apoios financeiros para novos templos e não só, ah, e muitos silêncios cúmplices! Entre várias situações que mancharam a Diocese, a indigna história de massacre psicológico ao Padre Martins Júnior, suspenso, inexplicavelmente, "a divinis", diz bem do que têm sido os "bispos (políticos) certos na altura certa". E quanto às homilias, pedindo não pedindo, o poder apenas "solicitou" o discurso da muita fé e caridade.
Ora, em um quadro destes prefiro um Bispo novo, desempoeirado, não alinhado com ambientes bafientos e servis, que seja mais Cristo do que católico, um Bispo capaz de unir uma Diocese onde, pelo menos parece, cada um anda para seu lado, um Homem que seja motivador e contraponto da realidade da Vida, que não tenha medo das palavras e que através da Palavra coloque em sentido quem usa e abusa do Paço. Disse o Dr. Alberto João Jardim sobre o Bispo Santana: foi "um grande combatente político" (...) "eu não me envergonho de dizer que, de certo modo, sou um produto de D. Francisco Santana" (...) seguimos caminhos paralelos, com valores semelhantes (...)". Estas são declarações sintomáticas da promiscuidade entre a Igreja e o poder político. A Madeira precisa, então, de um Bispo novo, vanguardista, nascido do povo e nunca uma figura predestinada para mais do mesmo. Porque a Mensagem de Cristo precisa de ser assumida na plenitude e essa não interessa aos homens do poder político. Esses, bem batem com a mão no peito, quando sentados na primeira fila das Missas!
Eu tenho a opção por uma figura. E quem me lê, neste momento, terá pensado nisso?
Ilustração: Google Imagens.
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