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terça-feira, 9 de julho de 2019

INCOERÊNCIAS



FACTO

Na Assembleia Legislativa da Madeira, o vice-presidente do governo foi peremptório: “não há fome na Madeira”.

COMENTÁRIO

Há "muitas fomes" e "muitas sedes". Depende dos olhares. Há aquela que, simplesmente, deriva da privação material e, por extensão de alimentos, onde se encontram os pobres, e existem fomes de outra natureza, de obras e mais obras que levam a conjugar o verbo "somar" em todos os tempos e modos. Não sei a que fome o vice-presidente se referia. Talvez à segunda. E aí tem toda a razão, a distribuição, neste ano eleitoral, tem sido de encher o papo. Julgo que não há razões de queixa. Quem irá pagar a factura, depois logo se verá. A outra, é evidente que existe. Não fora o Banco Alimentar, a Cáritas, a Cruz Vermelha, as paróquias e tantas instituições que esbatem o drama da pobreza, os estados de carência seriam muito mais evidentes.
Deixo aqui um excerto de um artigo do Senhor Deputado Roberto Almada, publicado no DN-Madeira: "Os resultados de um Inquérito à Condições de Vida e Rendimento das Famílias, do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgado no passado mês de Maio, indicavam que, no final do ano 2018, a Madeira tinha a segunda maior taxa de risco de pobreza do país, taxa de risco essa, que atingia cerca de 81 mil madeirenses. Este Inquérito, que teve por base os indicadores de pobreza, privação material e intensidade laboral reduzida, demonstra que a luta contra o empobrecimento está longe de estar ganha (...) se há tanta pujança da nossa economia, porque é que a esmagadora maioria dos madeirenses e portossantenses não sentem essa “prosperidade económica” no seu bolso e à sua mesa?!" Pois, a questão é essa.
As "fomes" de alguns estão saciadas, é verdade, no entanto, proliferam outras fomes e existem muitas "sedes". Fomes de relativo bem-estar, de protecção, de justiça, de mentalidade e, entre outras, de cultura. Mas, curiosamente, florescem "sedes de poder" que não abrandam. E assim mascaram a realidade como se todos fossem incapazes de perceber o discurso! Que o governante tenha presente: "não há Democracia com fome (...)" - Papa Francisco.

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