Texto do Padre Anselmo Borges, doutor em Filosofia pela Universidade de Coimbra, professor da Faculdade de Letras desta Universidade. Foi ordenado em Fátima, em 15 de Agosto de 1967. É autor de vários livros, entre os quais destaco: "Deus no século XXI e o futuro do cristianismo" e "Religião - Opressão ou Libertação".
"Dá que pensar: Francisco publicou uma encíclica histórica, "Fratelli Tutti" (todos irmãos) com orientações proféticas para o futuro de uma humanidade ameaçada e desorientada, e ela passou quase despercebida; veio agora declarar que os casais homossexuais têm direito a uma cobertura legal, e isso é uma das maiores notícias. Entre outras coisas isto revela bem a obsessão sexual com que a Igreja tem vivido e, por isso, a necessidade de pôr fim a essa obsessão, para deixar de ser notícia fundamentalmente por causa do sexo: o celibato (quando acaba essa lei que não vem de Jesus?); a misoginia (como se pode continuar a negar a igualdade de direitos às mulheres?), divorciados, recasados (felizmente Francisco abriu já a porta à possibilidade da comunhão); pedofilia (como foi possível tolerar essa infâmia?). É claro que não vale tudo, mas, com o fim desta obsessão, a Igreja ficará liberta para o anúncio e prática do essencial: o Evangelho, a maior mensagem de felicidade, libertação e dignificação. (...) Trata-se de um passo gigantesco (...) as declarações de Francisco mudam e ajudarão a mudar a posição da Igreja em relação a este tema, nomeadamente quando se pensa em Conferências Episcopais que pretendem a cura homossexual com pseudoterapias (...)"
Publicado no semanário Expresso (24.10.2020)
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