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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Emanuel, um Homem de profundas convicções

 

Hoje, ao fim da tarde, será apresentado um livro que, no essencial, homenageia o percurso de vida do meu distinto Amigo Dr. Emanuel Jardim Fernandes. Tenho, por ele, uma enorme simpatia, pelo Homem bom que sempre foi. Daí o larguíssimo leque de amigos que o rodeiam. Nesta sociedade, onde não abundam os valores sociais e onde as relações pessoais genuínas, despidas de interesses, não constituem uma marca consolidada, o Dr. Emanuel conseguiu transmitir a imagem da tolerância e da amizade verdadeira. Há poucos assim.



O exercício da política, tantas vezes fértil em posições extremadas que conduzem ao afastamento entre os seus actores, no seu caso, sempre deixou a admissão de outras formas de pensamento sem que daí resultassem ódios ou mágoas profundas. Mesmo durante aqueles catorze anos que liderou o Partido Socialista na Madeira, naqueles anos quentes e autocráticos, onde ser oposição era completamente diferente dos dias que correm. Aos ataques indignos, vindos, sobretudo, de quem deveria demonstrar serenidade e respeito, o Dr. Emanuel respondeu, eu diria, com a clemência das palavras. 

Nos anos oitenta, convidou-me para membro da Assembleia Municipal do Funchal e, mais tarde, com ele disputei, há trinta anos, umas animadas eleições internas para a liderança do PS. O seu prestígio foi determinante para a sua vitória. No próprio dia, lembro-me, abraçámo-nos e disse-me: "André, as nossas convicções são as mesmas, por isso, vamos ao trabalho". Recentemente, foi uma das escassas cinco pessoas que me telefonou, lamentando e colocando-se ao meu lado aquando do maquiavélico episódio que ditou o meu afastamento do PS. Ao contrário de outros, ele compreendeu a minha luta pela dignidade e defesa de princípios e de valores inegociáveis. O Emanuel é isto, aliás, sempre foi um Homem são, nos planos profissional e político. Não convivemos, não pertencemos a uma qualquer tertúlia, mas existe um respeito e reconhecimento bilateral que muito aprecio. Tão distantes quanto tão próximos.

O Emanuel pode não ter agradado a alguns, sobretudo no plano do exercício da política. Mas, pergunto, quem é que está livre da crítica, por vezes severa, sobre as estratégias e decisões assumidas? De um aspecto estou certo, é que ele fez política de oposição em tempo de "vacas magras" e num tempo, repito, conjunturalmente difícil, muitas vezes ofensivo da dignidade, de uma vozearia baixa, intolerante, perversa, de subtil perseguição e marcadamente sórdida.

Amigo Emanuel, enquanto cidadão, obrigado pelo que deu à sociedade. Foi Deputado regional, nacional e no plano europeu, portanto, merecedor do reconhecimento de "Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique", título que distingue a prestação de serviços relevantes a Portugal.

Ilustração: Google Imagens.

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