Diz o provérbio: "Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem". Vem isto a propósito do rol de decisões da Câmara do Funchal que deixam qualquer cidadão, minimamente atento, espantado com tantas promessas e celeridade na execução das mesmas. Obviamente que prometer não custa, mais complexa é a sua concretização. E também se sabe que muitos objectivos, agora divulgados à velocidade da luz, estão inscritos nos orçamentos plurianuais, portanto, que não são da responsabilidade do actual executivo. Dir-se-á, por isso, que há muito fogo de vista. Parece-me claro que poucos munícipes irão da história que o estendal diário fica a se dever ao executivo recém empossado. Vem tudo de trás, como é lógico. Na concretização do próximo orçamento, aí sim, a responsabilidade será de quem o apresentar e executar.
Neste rol aqui transcrito de forma sumária, obviamente que compreendo a efervescência política derivada da preocupação de querer demonstrar que agora é diferente, passo ao lado, da história de "deixar cair a Polícia Municipal e avançar com vigilância por vídeo" (07.11.2021), embora sejam aspectos diferentes, mas, de qualquer forma, constitui uma opção política legítima - Dnotícias de 17.11.2021, e passo ao lado, também, daquela historieta: "Câmara despacha 150 processos de obras particulares em 15 dias". Dnotícias de 07.11.2021. O que me preocupa são outros aspectos. Entre esses outros, por exemplo, li: "Aprovada a extinção da "derrama" no Funchal". Dnotícias de 12.11.2021, o que levou a CDU a falar da "Câmara prescindir de 5 milhões de euros" - Dnotícias de 27.11.2021. Isto é, a continuar assim, e este é um mero exemplo, com despesas superiores às receitas, parece-me óbvio que a Câmara do Funchal, tarde ou cedo, não irá apresentar contas equilibradas. Aliás, na última passagem do Dr. Pedro Calado pela Câmara, autarquia esta que, apresentava sempre "lucro", mais tarde, o executivo da coligação que venceu as eleições de 2013, veio a detectar mais de € 100.000.000,00 de dívidas. Nos últimos oito anos, mesmo com a torneira do financiamento fechada, a do governo regional, foi público que o anterior executivo reduziu em mais de 65% a dívida e pagar aos fornecedores, em média, a 14 dias. Relembro que só entre 2010 e 2013, sob a liderança do Dr. Miguel Albuquerque, o governo assumiu contratos-programa com a Câmara no valor de 20,8 milhões de euros. "Mudaram-se os tempos e as vontades". Ora, daqui para a frente não sei. Ou se calhar sei. A venda de "cabritos" continuará porque, parafraseando o provérbio, as "cabras", pastando no Orçamento Regional, possibilitarão alimentar o folclore político. É caso para dizer que, por algum lado vai "derramar"!
Para mim, apenas cidadão, já não levo muito a sério quem ganha os actos eleitorais. Cumpro o meu dever cívico de votar e ponto final. Do que não gosto é de assistir a uma certa fanfarronice diária, seja lá de que quadrante for, que, depois, acaba quase sempre por ser o cidadão a pagar. Não há almoços grátis. Portanto, será aconselhável prudência, boa governação e menos espectáculo mediático. E daqui a quatro anos o povo será, novamente, juiz.
Ilustração: Google Imagens.
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