Sinto que estamos todos a ser enganados. E de que maneira! Basta ir ao supermercado ou a uma estação de abastecimento de combustíveis. Tomemos consciência desta factura de uma grande marca de distribuição de produtos alimentares:
Valor teórico inicial a pagar € 342,91
Descontos directos € 124,99
Pagamento na caixa € 217,92
A este valor a pagar o consumidor beneficiou de 10% acumulados em cartão: € 21,79.
Portanto, o valor realmente pago pelos bens adquiridos foi de € 196,13, isto é, 217,92 - 21,79 €.
Relativamente ao valor teórico inicial a pagar verificou-se, então, um desconto de 42,8%.
Juntaram a isto € 0,14, por litro, de desconto em combustível.
Obviamente que o valor real pago, os tais € 196,13, já incluem o lucro da empresa de distribuição. E perante este facto, presumo que só se poderá deduzir que esta política é, claramente, exploradora dos fornecedores, espreme até ao tutano os consumidores e mente, descaradamente, sobre o valor correcto dos bens. Somos literalmente iludidos e enganados. Isto não tem nada a ver com aumentos dos custos de contexto de produção, tem sobretudo a ver com uma política de MENTIRA.
Mas não é apenas nas cadeias de distribuição alimentar. Quando vejo, por exemplo, 70% de desconto em vestuário e calçado, pergunto, uma vez mais, quanto somos enganados. E são, também, os bancos, com lucros, em alguns casos "pornográficos", à custa de todos os depositantes, com taxas e taxinhas vergonhosas. Em muitos casos, os eventuais juros por um qualquer depósito, são inferiores às taxas de uma coisa designada por "manutenção de conta". E o que dizer dos combustíveis, concretamente da Galp, por exemplo, que apresentou um lucro de 420 milhões de euros no primeiro semestre do ano, "uma melhoria de 153% em relação aos primeiros seis meses do ano passado, em que obtivera um resultado de 166 milhões"? - Público. Ou, então, da EDP que vai investir 56,9 milhões de Euros numa nova sede. De quem vem o dinheiro?
E com uma distinta lata, permitam-me a caracterização, dizem que isto é "o mercado a funcionar". Não, não, o que está a funcionar é a EXPLORAÇÃO do momento. Em todos os sectores. Dizia o banqueiro Fernando Ulrich sobre o povo e a situação de crise: descansem que ele "aguenta, aguenta"!
Ilustração: Google Imagens.
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