Adsense

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Só tem um nome: saneamento!


Não dou por mal empregado o tempo que, no quadro de uma cidadania activa, ofereci ao Partido Socialista. Foram muitos anos, onde aprendi com pessoas de indiscutível valor, com o povo de todos os concelhos, onde mergulhei na política real e percebi todo o seu bas-fond e onde trabalhei e contactei pessoas de elevada credibilidade e notoriedade política e social. Foram anos de sucessivas angústias sobretudo porque o eleitorado fez sempre as escolhas que entendeu fazer. Afastei-me dessa luta e, hoje, nem militante sou. Valha a verdade, por aproximação a uma velha história vivida, também "meliante" nunca fui.



Tenho plena consciência que nem sempre estive bem, nem os grupos que integrei, com erros e estratégias que vieram, nos actos eleitorais, mostrar-se desadequados. 

Mas desse longo percurso, dois aspectos foram, para mim e muitos com quem privei, absolutamente fundamentais: 1º que a participação política constitui um serviço público à comunidade, nunca um emprego; 2º a defesa da qualidade em detrimento da mediocridade. Infelizmente, dois princípios que desde há muito venho a verificar um contínuo resvalar para um pantanoso espaço de mentira, aldrabice, jogos de pequeno poder, falsas unidades e descarado oportunismo. Num processo destes os melhores acabam sempre por serem afastados. Melhor dizendo, saneados. Ou, subtilmente, afastam-se porque se sentem a mais. Há uma "inteligência" subterrânea que se baseia no "quem não está comigo contra mim está" ou na lógica de "agora somos nós". Não é caso específico do PS, sublinho. No poder regional hegemónico, só por o serem é que não se notam as gravíssimas fragilidades e contradições.

Por que falo disto, perguntar-me-ão? Porque, enquanto cidadão, fiquei perplexo quando assisti, em directo, ao saneamento de um dos melhores políticos madeirenses de sempre, como cabeça de lista nas próximas eleições legislativas nacionais. O Dr. Carlos Pereira, por aquilo que tem sido na defesa da Região, pela sua extraordinária competência em sectores vitais da sociedade é muito mais respeitado entre os seus pares na Assembleia da República do que propriamente entre os que por aqui andam. Não se chega a Vice-Presidente da bancada do Partido Socialista na Assembleia da República sem um passado de reconhecido mérito. Mas é esse mérito que não é tido em conta. Porque fala, porque diz o que pensa, porque entre a qualidade e a mediocridade escolhe a primeira, logo há quem lhe "faça a folha". É triste e vergonhoso!


Aquele anúncio saneador (não foi o primeiro) ao terminar o Congresso foi de muito mau gosto. Não era o local apropriado, pelo que teve um significado político maior. Ininteligível. Mas analisando bem as coisas, situação que muito me constrange, não podia esperar melhor. O discurso foi indigente, cheio de generalidades e de banalidades; a história claramente apagada a avaliar pelas presenças; e, quanto ao futuro, um profundíssimo deserto de ideias no contraponto com "48 anos de partido único". Não era o momento para ler um putativo programa de governo, mas de marcar o terreno da alternativa, mostrando a existência de pessoas (quadros) e as concomitantes linhas de actuação ao encontro de uma sociedade de pensamento livre, não dependente, equilibrada e culta. 

Isto preocupa-me enquanto cidadão. Resta-me continuar a votar, enquanto dever de cidadania. 

Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

Francisco João Rodrigues disse...

De acordo. Votar a 10 março pensando nas eleições nacionais!