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quarta-feira, 26 de junho de 2024
Desabafo
terça-feira, 25 de junho de 2024
Ininteligível. Que péssimo jogo!
Tenho acompanhado a situação política na Região da Madeira. Em tempo de Europeu de futebol, trata-se de um jogo dirimido a meio campo, num irritante "engonhanço" terrível aos olhos dos espectadores. Mas isso é lá com os jogadores e com o(s) árbitro(s).
Eu que estou na bancada, olho para o recinto e sinto um incomensurável desconforto. E questiono-me: que farias tu se fosses o "ronaldo" deste colorido encontro? Ora bem, se a maioria dos representantes do povo não me quisesse e da bancada surgissem assobios à minha actuação, pendurava as botas e permitia a imediata substituição. Nem pararia no banco de suplentes. Porque há mais vida para além política.
quinta-feira, 20 de junho de 2024
Não foi para isto que extinguimos a PIDE
A conversa entre Costa e Galamba sobre o despedimento da CEO da TAP nada tem a ver com qualquer processo em investigação. Há regimes em que o Estado pode escutar todos os atores políticos e usar as suas conversas para os destruir: a RDA tinha a Stasi. E há democracias em que os cidadãos perderam o apego à sua liberdade. É tragicamente irónico que magistrados e jornalistas estejam na primeira linha contra as liberdades e garantias. Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril.
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Uma União Europeia combalida
A União Europeia, arrastada pelos resultados e consequências nos seus dois maiores Estados-membros, mergulha numa crise, cujo desfecho é complexo.
1. Os resultados das eleições 2024 para o Parlamento Europeu (PE) não defraudaram as sondagens. Uma aproximação quase ao milímetro. O PE inclinou-se para as direitas radicais a imitar a Torre de Pisa, mas os grupos políticos de centro-direita (PPE) e centro-esquerda (S&D) – a base, ao longo dos anos, determinante da construção europeia – em conjunto com os grupos Renovar a Europa e Verdes/ALE asseguram uma larga maioria absoluta (62,9%).
domingo, 16 de junho de 2024
O conflito que vem a caminho
Tenho andado afastado da escrita. Por opção. As pausas são importantes em qualquer actividade. Ler e reflectir, também, andar por aí sem o rigor do memorando diário, torna-se mais relevante do que a tentação de comunicar a todo o momento, no pressuposto que tudo é oportuno e merecedor de opinião. Há verbos indispensáveis: olhar, observar, perceber, cruzar, compreender e interiorizar, entre outros, claro. Há uma idade e um tempo que a isso nos conduz. Enriquece e, provavelmente, corrige-nos e torna-nos melhores, alego eu! Até a bomba relógio que somos, pronta a explodir a qualquer momento, consequência de uma falência, mínima que seja, na saúde, tem o condão de nos transportar, não para o complexo labirinto da vida, mas para o estabelecimento de prioridades e, sobretudo, para a relativização do que se passa na frente dos nossos olhos de actores - espectadores.
Quem está atento, tão distante quanto próximo das realidades, capaz de descobrir artimanhas nas entrelinhas dos processos, capaz, ainda, de produzir sínteses que espelhem e façam perceber o que a generalidade da comunidade, por iliteracias múltiplas ou notórias cumplicidades não o consegue fazer, confronta-se com um quadro deprimente, afrontoso e ultrajante, quando olha para a paisagem. A sensação que neste momento me invade é que tudo isto, em linguagem tecnológica, mais cedo que tarde, dará "erro". Porque não somos liderados por estadistas, os que pensam nas pessoas e no futuro. São, somente, políticos de "feira da bagageira".
Os milhares que hoje aplaudem, diz-nos a História, amanhã poderão estar na frente do combate, agitando as bandeiras do engano e do desespero. De nada valerão as pianolas, as visitas e os discursos inflamados que despejam para os ombros de outros os próprios erros estratégicos. Hoje, fermenta uma sociedade desequilibrada em todos os sectores, espremida entre a profusão do luxo e a pobreza, as instituições e os funcionários de turno que disfarçam múltiplas fomes. A angústia por uma habitação digna face aos valores pornográficos impostos, a secundarização dos direitos constitucionais, a educação de qualidade que rompa com o círculo vicioso da pobreza, o quadro nebuloso do sistema de saúde, tudo isto e muito, muito mais, irá gerar, certamente, a revolta, o colapso da mentira e daquela peregrina ideia de insubstituibilidade. O fosso está, paulatinamente, a ser criado e o conflito a caminho. É natural que isso aconteça. O que lamentarei, obviamente. Tudo podia e devia ser sereno se outra fosse a cultura democrática e o escrupuloso respeito pelos princípios do desenvolvimento.
Não bastassem os sérios dramas das guerras, a inconsistente e tardia resposta aos problemas ambientais, a subserviência a uma União Europeia desnorteada, um Papa que fala e ninguém escuta ou um Secretário-Geral da ONU que poucos respeitam, ainda temos de levar, aos níveis nacional e regional, com chefes que nunca chegarão a líderes.
Ilustração: Google Imagens.
sábado, 15 de junho de 2024
Dúvidas, falsificações e mentiras
Escutar o contraditório, analisar os argumentos da outra parte, ainda que errados ou falsos, nunca fez mal a ninguém.
Nunca, nem na democracia ateniense nem no período glorioso do Império Romano do Ocidente, a sabedoria humana ousou pôr de pé um projecto político tão revolucionário como aquele a que hoje chamamos União Europeia (UE). Por ser o mais justo entre povos e nações, o mais solidário, o mais integrador de diferenças, o mais inovador, o mais pacificador, a União Europeia transformou-se no modelo de muitos, no sonho de milhões. Mas das suas forças, do seu êxito, dos seus sucessivos alargamentos, a UE fez as suas fraquezas. É difícil reconhecer hoje nela o espaço político e económico a que Portugal aderiu há mais de 30 anos. Sem pôr em causa a justiça da integração de outros que vieram depois, eles acrescentaram menos do que aquilo que trouxeram e tornaram mais evidentes as diferenças e mais difíceis os consensos e a governação. Nem tanto por razões de nacionalismos inconciliáveis, mas mais por diferentes concepções daquilo que seja a Europa e os seus valores comuns, do ponto de vista de cada um. É assim uma boa notícia que as forças políticas historicamente essenciais à construção europeia e ao seu funcionamento — do centro-direita ao centro-esquerda — tenham mantido uma maioria no Parlamento Europeu, derrotando os presságios fúnebres que já viam Bruxelas paralisada pela agenda de uma extrema-direita apostada na desagregação democrática e na anarquia populista.
quinta-feira, 6 de junho de 2024
Eleições 2024. União Europeia, a bela adormecida
O panorama que se vislumbra para o PE é do maior melindre pelas suas repercussões na composição futura dos órgãos de governação da UE e, por consequência, na determinação do conteúdo das decisões políticas nos próximos cinco anos.
1. Estamos a 5 dias das eleições europeias. No próximo domingo, dia 9, receberemos o veredicto. Todas as sondagens, sem excepção, apontam, em maior ou menor grau, para um reforço da extrema-direita e direita radical na Europa. Em dois dos grandes países fundadores da UE, França e Itália, os partidos de Marine Le Pen e de Georgia Meloni (primeira-ministra de Itália) vão ser os vencedores das eleições e, por grande diferença de deputados, elevando, deste modo, a sua influência nos grupos políticos do Parlamento Europeu em que se integram, ID-Identidade e Democracia e ECR – Reformistas e Conservadores Europeus. Acresce ainda que, em países de média dimensão, como a Hungria, Áustria, Eslováquia, Holanda, Roménia, Suécia, a conquista do primeiro lugar pela extrema-direita tem uma elevada probabilidade, correndo-se o risco, na Alemanha, da AfD – partido de extrema-direita, alcançar o segundo lugar, à frente do partido social-democrata do primeiro-ministro, Olaf Scholz, o que não deve trazer grande saúde ao governo.