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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

"FALAR A VERDADE"... ESSA É BOA!


E nesta súbita alteração na opção política há muitos aspectos que terão de ser explicados, desde logo, as razões substantivas (as não aparentes e divulgadas) da opção tomada, a listagem completa de quem vendeu os terrenos expropriados, se houve ou não intermediários e se já voltaram a ser vendidos, quanto custarão as indemnizações e eventuais pagamentos de mais-valias, o que fará o governo regional com os terrenos expropriados, quanto custará a nova obra comparativamente a todo o processo anterior...


O grupo parlamentar do PSD na Assembleia Legislativa da Madeira corre, diariamente, contra o prejuízo. Ontem foi a defesa indefensável da não construção de um novo Hospital. Como se fosse politicamente sustentável passar uma mensagem daquelas e como se todos fossem parolos. 
O governo, depois de muita insistência por parte da oposição, avançou com o projecto, gastou milhares nesse estudo, expropriou terrenos e pagou a alguns, alimentou, politicamente, a irreversibilidade do processo e agora, anos depois de tanta azáfama, vem dizer, não senhor, há outras opções menos onerosas e que resolvem, cabalmente, a situação. Ora, daqui se infere que a normalidade deste governo é a da navegação à vista e que corre ao sabor da pressão política e pública. A estratégia e a definição das prioridades ficam para depois. Dir-se-á que o caso do hospital é o caso do aterro. No caso do hospital foram necessários dez anos para definir um rumo; no caso do aterro, sem a sustentabilidade dos estudos e contra tanta voz técnica e científica, apresenta, um ano depois da tragédia, uma resposta que poderá constituir um monumental erro. Talvez, mais tarde e tarde demais venha a recuar! Veremos.
E vem o PSD sublinhar que se trata de "falar verdade à população". Mas qual verdade? A do governo, obviamente. Porque a verdade é múltipla e, portanto, não se esgota na decisão de um governante. Há muitas verdades sobre um mesmo assunto, porque são muitos os olhares e leituras sobre qualquer processo. O caso do Hospital é paradigmático. E nesta súbita alteração na opção política há muitos aspectos que terão de ser explicados, desde logo, as razões substantivas (as não aparentes e divulgadas) da opção tomada, a listagem completa de quem vendeu os terrenos expropriados, se houve ou não intermediários e se já voltaram a ser vendidos, quanto custarão as indemnizações e eventuais pagamentos de mais-valias, o que fará o governo regional com os terrenos expropriados, quanto custará a nova obra comparativamente a todo o processo anterior, o qual, em certos casos, estou convicto que será dirimido nos Tribunais. Tudo isto e muito mais terá de ser devidamente esclarecido. Se alguém tem a obrigação de "falar a verdade" é o governo regional do PSD que sempre foi governo e com maioria absoluta. Não é a oposição que tem de dar justificações. O governo governa; a oposição fiscaliza. É assim em todo o regime democrático.
E no meio disto vem o presidente do governo falar de políticas que prosseguem "contra a burguesia frustrada". Mas qual burguesia frustrada? Estará o presidente do governo a falar para dentro do seu próprio partido? Talvez. É que, por maior esforço que faça não sei onde ela se encontra no quadro dos partidos da oposição e do Povo em geral. Afinal, quem são os grandes da economia regional, as tais multimilionárias famílias e em que quadro político aparentemente se encontram?
E que "lata" é essa, permitam-me a palavra, de vir falar que é aqui que se desenvolve o Estado Social de acordo com o desenvolvimento da economia quando, por um lado, a economia regional está de pantanas e do Orçamento Regional não sai um cêntimo para contrabalançar a austeridade, no campo dos apoios aos pensionistas, do abono de família, dos desempregados, até aos cortes salariais dos funcionários públicos, etc. etc? Quando toda a Segurança Social é paga pela República (e assim tem de ser), até os próprios funcionários, mas onde, localmente, no quadro da AUTONOMIA, o governo não demonstra sensibilidade social?
Há muitas verdades... é ou não verdade?
Ilustração: Google Imagens.

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